Luanda - A presidente do Parlamento angolano, Carolina Cerqueira, destacou, esta segunda-feira, o percurso de vida do Chefe de Estado de Timor-Leste, José Ramos-Horta, com realce para a sua dedicação à causa da independência do seu país.
A parlamentar, que discursava na Reunião Plenária Solene da Assembleia Nacional, por ocasião da visita de Estado do Presidente de Timor-Leste a Angola, dedicada ao reforço da cooperação bilateral, manifestou satisfação pelo facto de o Parlamento angolano ter recebido pela primeira vez um Prémio Nobel da Paz..
"O seu percurso de vida é o seu melhor cartão postal. Uma vida de trabalho pela causa timorense", disse, lembrando que aos 18 anos José Ramos-Horta enfrentou o seu primeiro exílio, ao que se seguiram mais dois, tendo sido a pessoa mais jovem a discursar na Organização das Nações Unidas.
Carolina Cerqueira deu conta que a presença do Estadista timorense "serve de referência para o caminho que escolhemos em sermos os legítimos e exímios representantes do povo soberano e, acima de tudo, os defensores intransigentes dos direitos humanos".
Para a líder parlamentar, Ramos-Horta teve sempre um modelo de vida de perdão, solidariedade, de ensinar a sarar as feridas e de apelo aos timorenses para não viverem de olhos postos no sofrimento do passado, mas a ser confiantes no futuro e saber virar a página da história recente, sempre em busca da coesão, fraternidade, igualdade e do desenvolvimento social.
A esse respeito, destacou que o mundo soube reconhecer essa dedicação, com a atribuição do prestigiado Prémio Nobel da Paz, em 1996.
Notou que o povo timorense soube reconhecer essa dedicação, depositando, em 2022, confiança para desempenhar novamente o cargo da mais alto magistrado do país, após ter cessado funções em 2012.
Disse que a visita de Ramos-Horta ao país representa um gesto da fraternal amizade que une os povos de Timor-Leste e de Angola.
"Temos muitos valores que nos unem. Une-nos um passado comum de luta contra o colonialismo. E, alcançada a sua independência no ano de 1975, Angola sempre solidarizou-se com a causa timorense", assinalou.
Lembrou que foram durante os mandatos dos Presidentes Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos que o mundo tomou consciência da repressão Indonésia contra Timor-Leste, devido ao apoio concertado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde se destaca o importante papel do povo angolano e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
Timor-Leste comemorou, em Maio do ano em curso, 22 anos da sua independência e Angola comemorou em Abril deste ano 22 anos desde que alcançou a paz.
De acordo com a parlamentar, estas datas representaram "o culminar de caminhos que tiveram tanto de sofrimento e de dor, como de coragem e de esperança num amanhã melhor para os nossos povos".
Enfatizou que nos momentos mais sombrios, a luta pela autodeterminação do povo timorense representou um exemplo de grandeza da nação e de resiliência de um povo que sempre lutou para manter acesa a chama da liberdade, como foi reconhecido pelo Papa Francisco, em 2014.
Parlamento com boa representatividade
Ao visitante, Carolina Cerqueira assinalou que o Parlamento angolano se orgulha, hoje, de ter uma representatividade geracional e do género jamais alcançada.
Considerou uma referência da visão de inclusão política da juventude e das mulheres nos órgãos de tomada de decisão que o Presidente João Lourenço tem vindo a promover em todos os sectores da vida política, económica e social do país.
Ressaltou, igualmente, o papel do Chefe de Estado angolano na paz, "principal alicerce da democracia e do Estado de Direito, mérito que lhe valeu o título de Campeão da Paz".
Relações bilaterais
Angola e Timor-Leste estabeleceram relações diplomáticas no dia 20 de Maio de 2002. Ambos os países são membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e tem cooperado em vários domínios dentro da organização.
A República Democrática de Timor-Leste é um país insular localizado na Ilha de Timor, no Sudoeste da Ásia. A sua capital é a cidade de Dili.
Foi colónia portuguesa até 1975, quando conquistou a sua independência. Mas um ano mais tarde foi anexado à Indonésia e só se tornou independente novamente em 2002, quando a sua soberania internacionalmente reconhecida. DC/SC