Paris (Dos enviados especiais) - Paris, a capital francesa que acolheu o Presidente João Lourenço, de 15 a 17 de Janeiro corrente, durante a sua segunda visita de Estado a França, é também conhecida como a “Cidade Luz”.
Poucas divergências existem na narrativa sobre a verdadeira origem ou motivação deste nome, que teria surgido no século XVII, durante o reinado de Luís XIV, também conhecido como rei Sol.
Consta que, na antiguidade, a cidade que viria a tomar o nome de Paris, a partir de meados do século IV, era conhecida como Lutécia e Lukotekia, em referência a uma das urbes gaulesas habitadas desde o século III a.C. às margens do célebre rio Sena.
Nessa época, Paris estaria a passar por um período de instabilidade e conflitos internos, levando o rei a tomar medidas severas para restaurar a ordem e a segurança na cidade.
Foi então decidido instalar-se lanternas nas principais ruas da cidade e iluminar as janelas das casas com velas e lâmpadas a óleo, como forma de facilitar o trabalho da Polícia no combate à criminalidade.
A ideia era evitar que criminosos se aproveitassem da escuridão para perpetrar actos de perturbação da ordem pública.
Sob gestão das autoridades locais com funcionários municipais encarregados de acender e apagar as luzes todos os dias, o projecto está registado como tendo representado uma verdadeira revolução para o desenvolvimento urbano da cidade.
Dessa forma, Paris ter-se-ia tornado numa das primeiras cidades europeias a adoptar um sistema de iluminação urbana.
Com o tempo, o surgimento do Iluminismo como movimento filosófico, cultural e intelectual que teve em Paris um dos seus epicentros mais importantes teria consolidado a denominação.
A expressão "Cidade Luz" ficou assim associada também ao esplendor intelectual e cultural que caracterizou Paris na época, e a antiga Lutécia tornou-se num farol de conhecimento e criatividade.
Com as ideias inovadoras que iluminaram toda a Europa, seguiu-se um período de grande florescimento intelectual e progresso em áreas como ciência, filosofia, literatura e artes.
Logo a seguir, deu-se a chegada da luz eléctrica e, mais uma vez, Paris foi, na década de 40 do século XIX, uma das primeiras cidades a optar pela substituição da iluminação pública a gás por luzes de rua através de lâmpadas eléctricas.
A majestosa Torre Eiffel, inicialmente criticada como uma aberração estético-arquitectónica, foi um dos marcos dessa era com as suas luzes cintilantes, até tornar-se num símbolo icônico da cidade, com cerca de 20 mil luzes que a iluminam todas as noites.
Séculos depois, Paris continua a ser, na opinião geral, um dos grandes centros culturais e artísticos, graças à sua impressionante arquitectura, museus, teatros e galerias de arte mundialmente famosas.
A cidade de ruas parecidas, edifícios quase iguais e de cor única (creme) é admirada pela genialidade da iluminação nocturna dos seus monumentos e prédios históricos que, para muitos, dá um toque mágico à urbe, que brilha com uma luz única a encantar os seus visitantes e moradores.
Centenas de edifícios e monumentos, incluindo igrejas, palácios do governo, pontes, estátuas, hotéis e outras estruturas ganham um charme especial ao serem iluminados com milhares de lâmpadas.
Na óptica dos seus admiradores, Paris é um verdadeiro centro das artes, do refinamento e do bom gosto, onde não se faz um poste apenas para iluminar, mas se faz uma obra de arte com uma lâmpada no seu topo, assim como não se constrói uma ponte apenas como meio de travessia, mas como mais uma obra e seu encanto.
Considera-se, por isso, que o apelido “Cidade Luz” recorda o “passado glorioso” da cidade, mas também o seu presente vibrante em que Paris continua a ser um lugar onde a luz da cultura e do conhecimento brilha.
Ou seja, Paris ganhou, com a era da iluminação intelectual, uma reputação de cidade das ideias brilhantes e progressistas, e o termo “Cidade Luz” passou a ser associado não apenas à luz física, mas também à luz do conhecimento e da sabedoria que brilhava na cidade.
Como berço desse movimento intelectual, Paris tornou-se famosa em toda a Europa como centro de educação e nascimento de novas ideias, atraindo inúmeros artistas, filósofos, pensadores, inventores e cientistas.
Dito de outro modo, Paris passou a ser La Ville Lumière (cidade luz) tanto pelo seu papel de liderança durante a era do Iluminismo quanto por ter sido uma das primeiras grandes cidades europeias a usar a iluminação pública em grande escala.IZ