Luanda - Historiadores dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) iniciaram, esta quinta-feira, na capital angolana, discussões técnicas para a elaboração do manual que retrata a história da luta de libertação dos respectivos Estados.
A reunião, com duração de dois dias, surge na sequência da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo do Fórum PALOP, que teve lugar em Luanda, em Abril de 2021, por vídeo-conferência.
Em concreto, os participantes procuraram articular questões relacionadas com o volume, a estrutura e temas a serem desenvolvidos na obra.
Segundo a historiadora angolana Rosa Cruz e Silva, o objectivo é garantir a preservação do legado histórico e dos monumentos constituídos pelos campos de concentração onde estiveram os nacionalistas destes países.
Em declarações à ANGOP, à margem desta I Reunião Metodologia, Rosa Cruz e Silva referiu que a Comissão tem o apoio de especialistas no domínio da história sobretudo aqueles que já trabalham nesta temática e participaram nos colóquios e seminários realizados em Angola e Cabo Verde.
Para a implementação do projecto de elaboração da história sobre a luta de libertação dos PALOP, explicou que Angola contribui com um milhão 800 mil euros.
No caso de Angola, adiantou, pretende-se retomar no manual entrevistas de antigos combatentes e conteúdos escritos e orais que retratam a história do país.
A historiadora acrescentou que a Comissão, de carácter institucional, vai dedicar-se à recolha de entrevistas aos sobreviventes e antigos combatentes da Guiné-Bissau, Cabo Verde e Angola, bem como nas instituições e movimentos de libertação que se fixaram em vários pontos do mundo, como na Argélia, em Marrocos, na República da Guiné e no Ghana.
"As equipas vão desdobrar-se nesse sentido, para que os textos que venhamos a produzir possam reflectir o que foi de facto essa longa trajectória e todos os momentos de libertação”, explicou.
Os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) criaram uma Comissão para a recolha e compilação de informações sobre a luta de libertação dos Estados-membros da organização.
A descolonização dos PALOP ocorreu após a Revolução dos Cravos, em Portugal, que despoletou as independências das ex-colónias portuguesas.
Em 1974, deu-se a independência da Guiné-Bissau, seguindo-se, em 1975, as independências de Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola.
Timor Leste, outra ex-colónia portuguesa, situada no sudeste asiático, também tornou-se independente de Portugal em 1975.