Abidjan (Do enviado especial) - O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, disse, quinta-feira, ser árduo o trabalho que os países africanos ainda têm de fazer na busca de soluções para os conflitos latentes no continente.
Destacou, neste contexto, a situação que se verifica no Leste da RDC, onde Angola, no quadro da CIRGL e em articulação com os Estados-membros da SADC, tem realizado um papel de mediação.
Falando no jantar oficial oferecido pelo homólogo da Côte d'Ivoire, Alassane Outtara, por ocasião da visita que efectua a este país, disse que a mediação do conflito na RDC dá esperanças animadoras quanto à sua resolução, mesmo que, por vezes, algumas ocorrências pareçam deitar por terra todos os avanços alcançados.
O Presidente João Lourenço manifestou igualmente preocupação quanto à situação do Sudão, a qual requer uma acção coordenada de todos os actores envolvidos na busca de soluções urgentes para este conflito.
Lamentou o facto de esta situação ter provocado já uma crise humanitária de proporções alarmantes, uma enorme perda de vidas humanas e a destruição de infra-estruturas de valor incalculável.
"Há outras situações preocupantes no continente, nomeadamente as que ocorrem na região do Sahel, que devem continuar a merecer a nossa atenção e um permanente esforço em busca de soluções (...)", apontou.
Aproveitou a ocasião para se referir à grave e contínua degradação da situação política mundial, que decorre do conflito que assola o Médio Oriente e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Para o estadista, estes dois grandes conflitos, que abalam o mundo e o colocam cada vez mais à beira de uma escalada de dimensões incontroláveis e de consequências trágicas, devem levar a reflectir sobre a necessidade de se encontrar os melhores caminhos para se alcançar a paz definitiva na Ucrânia e na Palestina.
Perante este cenário, considerou importante que sejam respeitadas as normas Internacionais e a observância das resoluções das Nações Unidas, sobre a necessidade imperiosa da criação do Estado Palestino, principal factor de estabilização e de resolução definitiva do conflito que prevalece, no Médio Oriente, há décadas.
De acordo com o Presidente, a comunidade internacional não pode continuar a assistir impotente e, de alguma forma, indiferente ao crescente número de perda de vidas de seres humanos, na sua esmagadora maioria civis inocentes, velhos, mulheres e crianças, na Faixa de Gaza.
Por esta e outras razões, o Presidente defendeu, mais uma vez, a necessidade da reforma das Nações Unidas.
O Presidente da República cumpre esta sexta-feira o seu segundo e último dia da visita oficial à Côte d'Ivoire.
Antes, o estadista visita a fábrica Cemoi-ci, vocacionada para a produção de chocolate, e mantém um encontro com os angolanos residentes na Cotê d'Ivoire.ART