Moçâmedes - O ministro da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos, afirmou segunda-feira, em Moçâmedes, que a melhor forma de honrar a memória dos que deram o melhor de si e perderam as suas vidas na luta pela Independência Nacional é transmitir o legado de um genuíno patriotismo a juventude.
Ao discursar no acto central do Dia dos Mártires da Repressão Colonial (4 de Janeiro), o ministro disse ser imperioso que os angolanos conheçam profundamente a história dos Mártires da Repressão Colonial, sobretudo a juventude, a força motriz da sociedade.
Na sua óptica, o esforço e sacrifício consentidos pelos camponeses da Baixa de Cassanje projectaram o nome de Angola e do seu povo por toda África e pelo mundo.
Acrescentou que o 4 de Janeiro trouxe consigo espírito de luta para a conquista dos direitos no mundo do trabalho, contra a humilhação e as assimetrias económicas, para a liberdade e contra todas as injustiças.
Segundo afirmou, os angolanos devem continuar a defender permanentemente os interesses superiores da Nação, consolidando a unidade e a reconciliação nacional, pois a coesão é fundamental para que se tenha um país em permanente progresso e desenvolvimento.
De acordo com o ministro, a acção corajosa e heróica dos camponeses assassinados na região da Baixa de Cassanje teve um impacto transcendente, porque a partir daquela data uma nova esperança renascia para o povo angolano, despertando as populações e permitindo reafirmar a convicção de que era possível o derrube do colonialismo português.
Fruto desses acontecimentos e de outros factos que ocorriam em todo o continente e no mundo, a acção heróica dos angolanos passou a constituir uma referência no longo processo de luta dos povos pela sua auto-determinação, situação que agudizaria a repressão colonial, na tentativa de quebrar os anseios pela independência de Angola.
Em homenagem aos compatriotas assassinados pelo então Exército Português, na região da Baixa de Cassanje, província de Malange, foi instituído o “ 4 de Janeiro” como Dia dos Mártires da Repressão Colonial.
A exploração laboral e a opressão, aliadas ao fim da Segunda Guerra Mundial e à independência de países africanos, com destaque para o antigo Congo Belga, actualmente República Democrática do Congo (RDC), cujo território partilha uma fronteira de 2.511 quilómetros com Angola, levaram ao surgimento de um amplo e forte movimento reivindicativo, levado a cabo pelos camponeses dos centros agrícolas da Baixa de Cassanje.
A Baixa de Cassanje é um imensa “depressão geográfica”, com 80 mil quilómetros, distribuídos entre Malanje e as Lundas Norte e Sul. Compreende as aldeias de Sunginge, Zungue, Kassange, Wholodia Coxi, Santa Comba, Mulundo, entre outras.