Luanda - A morte do nacionalista angolano Rui Mingas, ocorrida esta quinta-feira, em Lisboa (Portugal), por doença, marcou o noticiário político da ANGOP, na semana finda.
Falecido aos 84 anos de idade, Rui Mingas exerceu cargos de responsabilidade política, tanto a nível interno como externo, e cívica, tendo sido embaixador, secretário de Estado da Educação Física e Desporto e deputado à Assembleia Nacional (AN).
O também músico e ex- desportista participou activamente no processo que culminou com a independência de Angola, a 11 de Novembro de 1975, e foi um dos autores da letra do Hino Nacional, juntamente com o escritor Manuel Rui Monteiro.
Face ao infausto, a sociedade angolana tem-se manifestado profundamente consternada, com realce para o Presidente da República, João Lourenço, que considerou Rui Mingas como uma personalidade de grande prestígio, que em várias frentes e em diversas funções representou com talento, competência e dignidade o país.
“Com profunda consternação recebi a triste notícia do falecimento de Rui Mingas”, lê-se na mensagem de condolências do Chefe de Estado.
Recorda que o "inditoso" começou por elevar o nome de Angola no atletismo profissional em Portugal e, desde cedo, se afirmou como compositor e cantor, como símbolo de resistência contra o poder colonial.
“O seu passamento empobrece o nosso país e deixa de luto a sua família e toda uma vasta legião de amigos e companheiros de trabalho. A todos, em particular à sua viúva e filhos, expressamos as nossas condolências e os nossos sentimentos de pesar”, concluiu o estadista angolano.
Por sua vez, a presidente da AN, Carolina Cerqueira, sublinhou que a obra de Rui Mingas perdurará na memória colectiva dos angolanos.
Em mensagem de condolências, a parlamentar considera que o país perdeu um bom filho, mas o seu legado fica nos anais da história e corações dos cidadãos.
De igual modo, destacam o legado de Rui Mingas os governos provinciais e demais instituições públicas e privadas, políticos, académicos, autoridades tradicionais, comunidade artística, desportistas, religiosos, entre outras individualidades, inclusive estrangeiras.
O Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do nacionalista e músico angolano, que recordou como uma personalidade “da mitologia moderna de Angola”.
"Mesmo que não tivesse sido um dos autores do Hino Nacional de Angola, Rui Mingas faria parte da mitologia moderna de Angola nos últimos anos do império e nas primeiras décadas da independência", considerou numa nota de pesar.
Nos últimos sete dias, realce também para as celebrações, em todo país, do 4 de Janeiro, Dia dos Mártires da Repressão Colonial, em memória aos acontecimentos do ano de 1961, na localidade de Cassanje, Malanje, quando milhares de camponeses foram mortos barbaramente pelo regime colonial português.
O “episódio” ficou conhecido como “Massacre da Baixa de Cassanje”, pela morte de perto de seis mil agricultores angolanos por reivindicarem contra os preços baixos do algodão, praticados pela Companhia Geral de Algodão “Cotonang”, e pelos maus tratos impostos pelo opressor.
Passados 63 anos, o acto central das comemorações da efeméride ocorreu, este ano, no município de Xá-muteba, província da Lunda-Norte, sob o lema “Com o espírito do 4 de Janeiro, antigos combatentes unidos para o desenvolvimento de Angola”, e foi orientado pelo ministro da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.
Na ocasião, João Ernesto dos Santos "Liberdade" realçou o espírito de bravura dos mártires e apelou a juventude no sentido de preservar a paz, unidade e reconciliação nacional, factores determinantes para o desenvolvimento socioeconómico do país.
Disse que a acção do 4 de Janeiro marcou o ponto de viragem da história de Angola, rumo à independência nacional e a paz efectiva.
Por outro lado, o ministro destacou o papel de Angola na resolução de conflitos, tendo considerado ser o país uma placa giratória da política africana, fruto da sua experiência em matéria do género.
Ainda na semana finda, o Presidente da República procedeu a movimentação de dezenas de quadros da Polícia Nacional (PN), do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Em Decreto Presidencial, o Chefe de Estado nomeou vários oficiais comissários da PN, do SIC, generais e almirantes das FAA, tendo decretado, também, a promoção de oficiais comissários e superiores da Polícia Nacional, bem como a passagem à reforma de oficiais comissários da polícia, entre outros actos ligados às carreiras militares.
Destaque, entre os nomeados, para os tenentes-generais Dinis Lucama, novo de chefe do Estado-Maior do Exército, António José Neto, comandante da Região Militar Norte, e Remígio do Espírito Santo, comandante da Região Militar Sudeste.
Sublinha-se, ainda, a nomeação dos comissários David da Silva Cabaça, para o cargo de comandante da Polícia de Segurança Pessoal e de Entidades Protocolares, Mateus André (delegado do Ministério do Interior e comandante provincial da Polícia Nacional na Lunda-Sul), José Fernandes (delegado do Ministério do Interior e comandante provincial da Polícia Nacional no Cuanza-Norte) e Adulcínio Isaac Sandolina da Silva Lutucuta (director do Centro Integrado de Segurança Pública do Ministério do Interior).
Em outro Decreto, foi licenciada à reforma a subcomissária de investigação criminal Maria Helena dos Santos, além dos comissários-chefes António Maria Sita, Elizabeth Maria Ramos Franque, António Vicente Gimbe, Alfredo Quintino Lourenço, Eduardo Fernando Cerqueira e Mário Augusto de Oliveira Santos.
No capítulo diplomático, o Presidente da República felicitou o Governo e o povo cubano pela celebração do triunfo da Revolução Cubana, assinalado a 1 de Janeiro, renovando votos de consolidação das relações de cooperação entre os dois países.
De igual modo, endereçou felicitações ao seu homólogo da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, pela reeleição nas eleições gerais de 20 e 21 de Dezembro de 2023.
Na sua mensagem, o também presidente em exercício da SADC refere que a reeleição de Tshisekedi revela a confiança depositada pelo povo congolês, valorizando toda a acção política e os esforços nos últimos quatro anos.VC/VIC