Talatona - O ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, apontou esta terça-feira, em Luanda, os ideais do panafricanista Amílcar Cabral como faróis para o desenvolvimento e construção de Estados capazes de proporcionar iguais oportunidades para todos.
Adão de Almeida, que falava no Colóquio Internacional alusivo ao centenário de Amílcar Cabral, a assinalar-se no dia 12 de Setembro deste ano, definiu os ideais do nacionalista como intemporais e auto renováveis de geração em geração, daí que homens da estatura do político são eternos.
Amílcar Lopes da Costa Cabral foi um político, poeta, agrónomo e panafricanista convicto, que lutou em prol, sobretudo, das independências das então colónias portuguesas em África.
Para o governante, os seus ideais de panafricanista foram úteis ontem e são necessários hoje, referindo que os desafios são diferentes, mas a razão de ser é a mesma, a dignificação do Homem.
De acordo com o ministro de Estado, o encontro é uma forma de exaltar o centenário de Amílcar Cabral, mas é também um chamamento à reflexão sobre os desafios do tempo.
Referiu que o desafio não é a colonização tradicional, mas as várias formas de neocolonização, como fazer da globalização uma realidade positiva e não uma desistência do nacionalismo africano, particularmente num momento em que a ordem económica mundial é ameaçada por movimentos nacionalistas, extremistas e xenófobos.
Lembrou que o homenageado defendeu sempre a criação de uma sociedade livre e de todos, que respeita cada um e salvaguarda o bem comum, onde cada um encontra o seu espaço para realizar os seus objectivos e juntos fazer a prosperidade colectiva.
MIREX
Por outro lado, o ministro das Relações Exterior, Téte António, na qualidade de anfitrião, considerou Amílcar Cabral como um dos mais destacados e notáveis intelectuais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesas (PALOP).
"Um panafricanista de elevada estatura que pelo seu percurso libertador singular, cuja bravura e estoicismo legaram a emancipação dos povos de Cabo Verde e Guiné Bissau, tornando-o no imortal", justificou.
Descreveu Amílcar Cabral como um homem de causas nobres e certas, aquele que soube interpretar os anseios dos seus povos e lutou por objectivos essenciais e fundacionais da existência humana.
A sua ascendência, disse, e o seu percurso influenciaram a sua paixão bi-nacional por Cabo Verde e pela Guiné-Bissau, por cujas Independências ofereceu a sua vida.
O chefe da diplomacia angolana adiantou que juntamente com os seus companheiros, fundou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, instrumento essencial ao alcance das independências destes dois territórios e de afirmação da dignidade do homem africano.
Citou Amílcar Cabral, num discurso proferido em 1966, onde classificou o colonialismo como uma “paralisia ou desvio, ou mesmo a paragem total da história de um povo em favor da aceleração do desenvolvimento histórico de outros povos".
O Colóquio Internacional alusivo ao centenário de Amílcar Cabral é um reconhecimento de Angola em relação à sua contribuição na conquista da Independência Nacional, assim como honrar a sua memória como um dos combatentes da liberdade contra a dominação colonial.
O colóquio conta com um único painel com quatro oradores, nomeadamente os académicos Óscar Monteiro, de Moçambique, Julião Soares de Sousa, da Guiné-Bissau, do antigo Presidente de Cabo Verde e actual presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires (por vídeo conferência), e o historiador angolano Cornélio Caley. MAG/VIC