Luanda – A ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, apontou, esta terça-feira, para a necessidade de se construir uma sólida plataforma (governos, sociedade civil, comunidade artística e científica, sector privado e as organizações internacionais) para o resgate da paz, sua manutenção e prevenção de conflitos e de violência no continente africano.
De acordo com a ministra, que falava na cerimónia de encerramento da segunda edição da Bienal de Luanda, é crucial que a paz faça parte dessa forma de estar, de sentir e viver a vida em comunidade.
“E a cultura da paz deve ser património de toda a humanidade e um legado permanente e seguro para as jovens gerações. O nosso continente é rico não apenas de recursos minerais, é também rico pela sua cultura e seu património imaterial, material e cultural”, reforçou.
Carolina Cerqueira afirmou ter chegada a hora de se assumir a responsabilidade sobre a realidade enquanto africanos e buscar as parcerias dentro e fora do continente para construir a África que se pretende, contando com a vitalidade das diásporas africanas que engrandecem a história e a cultura comum.
“A nossa visão sobre a paz está voltada para a África que queremos, enriquecida pela sua diversidade cultural e cujos anseios e propósito devem ser objecto das nossas acções no dia a dia. Almejo que cada um e todos, possam de qualquer recanto do nosso continente dar o seu contributo para reforçar este nosso amplo movimento a favor da paz, da fraternidade e da solidariedade entre os povos que ficou reforçado nessa II Edição da Bienal de Luanda”, asseverou.
Para a governante angolana, só desta forma, os africanos, sem perder a sua identidade, poderão usufruir de todas as vantagens que o mundo oferece a nível da ciência, da tecnologia e da inovação.
“Estamos cientes do facto de África ainda ter inúmeros desafios básicos para ultrapassar. São desafios que vão desde a fome e pobreza, á insuficiência ou inexistência de infra-estruturas económicas e equipamentos sociais capazes de garantir o bem-estar das suas populações”, disse.
Conforme Carolina Cerqueira, há conficção de que num clima de paz efectiva é mais fácil trabalhar para a recuperação económica, para o desenvolvimento e para o progresso e bem-estar das famílias, das empresas e da sociedade, em geral, num clima de harmonia, partilha de comunhão de ideias e de propósitos.
“Os conflitos geram mortes em massa, retiram as pessoas das suas terras de origem, deslocando-as em condições desumanas, desestruturam famílias, arrasam as infra-estruturas e alimentam o ódio entre irmãos que simplesmente pensam diferente”, adiantou a ministra.
Na óptica da ministra, para os fazedores desses conflitos, tudo isso não passa de danos colaterais, mas para as famílias, para a economia, para o desenvolvimento dos países afectados são uma autêntica tragédia, cuja recuperação leva décadas e décadas.
“De certeza que não é essa a África que queremos”, asseverou.
Em relação a Bienal de Luanda, disse que o objectivo é construir pontes para cimentar concórdia e a boa convivência entre os povos, independentemente das diferenças de cariz político, cultural, social ou económico.
“Nas discussões mantidas, ficou patente que o principal instrumento que a Bienal tem para atingir os seus objectivos é a manifestação da idiossincrasia de cada povo que fica patente na sua forma de estar, de sentir e de viver de geração em geração”, reforçou.
A Bienal de Luanda é um projecto que nasce da convergência de políticas e programas estratégicos entre três parceiros principais, designadamente, o Governo de Angola, a UNESCO e a União Africana.
Apresenta e propõe espaços de reflexão, de exposição e de difusão de criações artísticas, boas práticas, ideias e saberes relacionados com a cultura de paz.