Luanda - A capital angolana, Luanda, acolhe terça-feira (20) uma mini-Cimeira de Chefes de Estado, para debater questões de segurança relacionadas com a República Centro-Africana (RCA).
O evento realiza-se por iniciativa do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na sua qualidade de Presidente em Exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Para o efeito, deslocam-se a Luanda os Presidentes da República Centro-Africana, Faustin Touaderá, do Rwanda, Paul Kagame, do Congo, Dennis Sassou Nguesso, e do Conselho Soberano de Transição do Sudão, Abdul Fatah al-Burhan.
Participam igualmente delegações de alto nível, em representação do Tchad, Camarões e República Democrática do Congo, indica uma nota de imprensa da Secretaria para os Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa do Presidente da República.
No dia 28 de Janeiro último, Luanda acolheu uma primeira mini-Cimeira, que analisou a situação política e de segurança na República Centro-Africana.
Na ocasião, os Chefes de Estado e de Governo da CIRGL apelaram as forças rebeldes na RCA a observarem um cessar-fogo unilateral e imediato, bem como instaram ao abandono do cerco à cidade de Bangui, capital do país.
Consideraram a situação na República Centro-Africana ameaçadora e decidiram organizar uma segunda mini-Cimeira em Luanda.
Situação na RCA
Desde o golpe de Estado, perpetrado pelo grupo rebelde “Seleka“, que conduziu à queda de François Bozizė, ex-Presidente centro-africano, o país está mergulhado numa situação de insegurança crescente.
As populações estão a ser obrigadas a deixar as suas aldeias, face aos violentos confrontos de carácter étnico e religioso.
Desde Dezembro de 2020, cerca de 60 mil cidadãos fugiram da violência, que assola a RCA, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
O actual Chefe de Estado, Faustin-Archange Touadéra, venceu as presidenciais de 27 de Dezembro último, com 53,16 por cento dos votos, contra 21,69 por cento do seu principal adversário, o antigo primeiro-ministro Anicet Georges Dologuéle.
As eleições decorreram num contexto de insegurança. Dez dias antes do pleito, seis dos mais poderosos grupos armados da RCA, que controlam dois terços do território e cuja maioria apoia o antigo Presidente François Bozizė (cuja candidatura foi invalidada), aliaram-se à Coligação dos Patriotas para a Mudança.
Estes grupos armados lançaram, a 19 de Janeiro, uma nova ofensiva em direcção à capital Bangui, para impedir a reeleição do Presidente Touadera e a realização do escrutínio.
O ataque foi repelido pelas tropas centro-africanas, com o apoio de cerca de 12 mil "capacetes azuis" da MINUSCA, a força da ONU de manutenção da paz, e de para-militares russos.
A CIRGL foi criada com o objectivo de resolver questões de paz e segurança, após os conflitos políticos que assolaram a região, em 1994.
São membros da mesma Angola, Burundi, Congo, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Rwanda, Sudão, Sudão do Sul, Repúblida Unida da Tanzânia, Uganda e Zâmbia.