Beijing (Da enviada especial) - Mais de mil e 300 empresas, entre as quais 30 angolanas, participaram este sábado, em Beijing, no Fórum de Negócios Angola-China, que avaliou as múltiplas oportunidades de investimento nos dois países.
O evento, aberto pelo Presidente João Lourenço, reuniu 400 empresas do sector de petróleo e gás, 300 de minas e 680 da agricultura, que conheceram as áreas prioritárias do Executivo angolano para os investidores, sobretudo privados.
Durante o encontro, o Chefe de Estado falou das políticas implementadas no país para a melhoria do ambiente de negócios e dos sectores chave em que Angola pretende contar, a médio e longo prazo, com o financiamento chinês.
No seu discurso, João Lourenço disse pretender, com a dinamização do Corredor do Lobito, província de Benguela, trabalhar com os empresários chineses na produção de bens alimentares, incluindo cereais, grãos e açúcar.
Apontou ainda a pecuária, pescas, a indústria de produção de baterias para o fabrico de automóveis de propulsão eléctrica, painéis fotovoltaicos para energia solar, turismo e outros sectores da economia, como áreas prioritárias.
Convidou, igualmente, os empresários chineses a investirem em fábricas de produção de medicamentos e de vacinas certificadas, cujo principal cliente será o Estado angolano, para alimentar o Sistema Nacional de Saúde.
Nova era
No mesmo acto, o embaixador de Angola na República Popular da China, João Neto, avançou que o certame resulta da cooperação entre a Câmara de Comércio Angola-China e instituições chinesas, que aproveitaram a visita do Chefe de Estado angolano para sinalizar o início de uma nova era nas relações de cooperação entre os dois países.
O diplomata ressaltou que Angola e a China são países com um alinhamento político antigo, que têm grande potencial económico por explorar, ampliar e diversificar, tendo em atenção as necessidades e os interesses dos dois povos.
Referiu que a assinatura de instrumentos jurídicos entre os dois países, com destaque para os acordos para evitar a dupla tributação e protecção recíproca dos investimentos, vão oferecer um quadro legal propício para uma cooperação mais dinâmica, ampla e diversificada.
"O Estado angolano tem desenvolvido um esforço para melhorar as infra-estruturas, fundamentalmente no domínio da energia e água, vias de acesso, portos, aeroportos, caminhos-de-ferro e segurança", disse.
Apelou aos empresários angolanos para explorarem ao máximo o potencial da China, que oferece valência para crescer e transformar a matéria-prima nacional.
Audiências
Entretanto, antes do Fórum de Negócios, o Presidente João Lourenço concedeu várias audiências no período da manhã e da tarde, devendo partir à noite (tarde em Angola) para a província de Shandong, onde vai trabalhar no domingo.
Na sexta-feira, o Presidente angolano participou em três reuniões de alto nível, designadamente com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, primeiro-ministro, Li Qiang, e com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (Parlamento), Zhao Leji.
Quatro décadas de Cooperação
Actualmente, as relações de cooperação entre os dois países têm o seu quadro jurídico assente num Acordo Geral que opera nos mais variados domínios da vida económica e social, com forte presença nas áreas de formação de quadros, no caso da construção e apetrechamento do Centro Integrado de Formação Tecnológica e da Academia Diplomática Venâncio de Moura, assim como bolsas de estudo para jovens angolanos.
Com um stock avaliado em 18.410,2 milhões de dólares, correspondente a 37,27% do total da dívida pública externa de Angola (avaliada em cerca de 49.387,7 milhões de dólares até ao terceiro trimestre de 2023), a China segue como maior credor de Angola, apesar dos esforços do Governo angolano para a reduzir. FMA/VIC