Saurimo - O Presidente da República, João Lourenço, inaugurou, esta segunda-feira, na Lunda-Sul, o projecto kimberlito do Luele, que prevê incrementar a produção anual no país em cerca de 13 milhões de quilates de diamantes.
O Luele é considerado o maior projecto diamantífero do país e o 3º maior kimberlito do mundo, com reservas estimadas em 350 milhões de quilates e 30 anos de tempo útil de vida.
Após o corte da fita e descerramento da placa, o Chefe de Estado, acompanhado da 1ª Dama da República, Ana Dias Lourenço, entre outras entidades, accionou o botão do moinho que sinalizou o arranque do projecto e visitou as unidades de tratamento e a sala de acabamento final.
A instalação das centrais de tratamento e outras estruturas desse depósito iniciou-se em Janeiro de 2017, com a assinatura da constituição da Sociedade Mineira do Luele e do Memorando de Entendimento entre a ENDIAMA e a Alrosa, com um investimento de 350 milhões de dólares.
Implantado numa área de 104 hectares, o Luele tem capacidade para 1.500 trabalhadores e, numa primeira fase, a expectativa é que atinja pouco mais de 1 milhão de quilates por ano e uma receita bruta de 60 milhões de dólares ano.
Em 2021, num balanço apresentado pela ENDIAMA sobre as realizações da empresa, no ano em referência, a mina produziu 1,7 milhões de quilates de diamantes, num grau de cumprimento de 172,5%, em relação ao programado e uma produção média mensal de diamantes de 143,7 mil quilates.
A descoberta da mina tem as suas raízes em 2012, quando a ENDIAMA iniciou, com a Alrosa (empresa diamantífera estatal russa), o estudo científico de potenciais zonas diamantíferas e a respectiva prospecção.
O objectivo era identificar e localizar a origem dos diamantes aluvionares explorados em Angola nos mais de 100 anos de história.
Até Maio de 2023, foram investidos, em estudos, construção de infra-estruturas e outras áreas importantes, mais de 555,4 milhões de dólares.
As actividades de prospecção na mina, com um volume de 34 milhões de massa mineira, tiveram início entre 2012 e 2017, atingindo uma profundidade de 95 metros.
Kimberlito do Luele
A chaminé kimberlítica do Luele localiza-se na bacia do rio Luele, aproximadamente a 35 quilómetros da cidade de Saurimo. Foi descoberta em Novembro de 2013, como resultado das pesquisas geológicas realizadas pela Sociedade Mineira de Catoca, a fim de fortalecer e aumentar a sua base de recursos minerais.
A Chaminé Kimberlítica do Luele é explorada a céu-aberto, preconiza três etapas sequenciais de trabalho, designadamente o desmonte, o carregamento e o transporte da massa mineira.
Estas actividades têm como objectivo assegurar o acesso físico aos horizontes onde se localizam os minérios, através do aprofundamento gradual da mina, concretizando em aos parâmetros geotécnicos que determinam a estabilidade dos taludes na mina e garantem a segurança do pessoal operacional, materiais e equipamentos.
Para o efeito, ocorre primeiramente a remoção directa das rochas estéreis sobrejacentes, sendo este material encaminhado para processamento na central de tratamento ou para armazenamento em estoques de minério.
A actividade de exploração mineira em Luele decorre com base nos planos de longo, médio e curto prazo estabelecidos, respeitando as melhores práticas e regras da exploração mineira.
Operação de desmonte
A operação de desmonte na mina é feita com recurso a escavadeiras hidráulicas de 4 a 8 metros cúbicos de capacidade, podendo ser complementadas por tractores de esteiras (Bulldozers) de grande porte para possibilitar a desintegração e escarificação do minério.
Prevê-se que a operação do desmonte evolua para um processo combinado "mecânico e dinâmico", envolvendo trabalhos de perfuração e detonação (TPD).
Por outro lado, o carregamento e o transporte de massa mineira na mina do Luele é cíclico e resulta da acção combinada da sua frota de equipamentos de carga (escavadoras e pás carregadeiras), juntamente com a frota de equipamentos de transporte constituída por camiões articulados de 45 toneladas e camiões rígidos de 100 toneladas.
No futuro, o Luele vai implementar um sistema de gerenciamento da sua frota de equipamentos que irá assegurar a capacidade de monitoramento, maximizar a produtividade e melhorar a estrutura de custos operacionais.
Responsabilidade social
Nesse âmbito, está em curso o reassentamento das populações ao redor do kimberlito do Luele, envolvendo a construção de 36 casas de tipologia T3 em alvenaria, construção de escolas primária e posto médico, fornecimento de água potável e energia eléctrica via painéis solares (bairro Samuhinge), sistemas de fornecimento de água para sete comunidade, entre outros.
Está igualmente em curso a implementação do projecto de reassentamento para mais de 300 famílias com infra-estrutura de apoio (posto médico, escolas, entre outros).
Comercialização de diamantes
Durante o primeiro semestre de 2023, Angola comercializou cerca de 2 milhões e 933 mil quilates de diamantes, ao preço médio de 202,61 dólares americanos por quilate, o que correspondeu ao valor bruto de aproximadamente 594,17 milhões de dólares americanos.
Para o presente ano, o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET) prevê fechar com uma receita bruta na ordem de 12,41 milhões de quilates.
Quanto às exportações, as informações disponibilizadas dão conta que totalizaram cerca de 4 milhões e 66 mil quilates, perfazendo o valor bruto de aproximadamente 711 milhões e 738 mil dólares norte-americanos.
Os Emirados Árabes Unidos, com 65,6 por cento, e o Reino da Bélgica, com 29 por cento, foram apontados como os principais destinos das exportações de diamantes angolanos. Os outros 5,4 foram exportados para diversos destinos.
Perspectiva-se que com a entrada em funcionamento da Mina do Luele, na Lunda Sul, o sector cumpra com a meta de produção estabelecida para o ano 2023, estimada em 12,41 milhões de quilates.
O país conta actualmente com cerca de 150 milhões de quilates de reservas de diamantes, dos quais 80% são de recursos primários e os restantes 20% dos projectos aluvionares.
Em termos gerais, olhando para aquilo que foi o ano 2022, Angola produziu cerca de 8.76 milhões de quilates, facto que permitiu ao país ocupar a sexta posição naquilo que foi a produção global, de acordo com dados disponibilizados pelo Processo Kimberley.
Actualmente, operam no mercado angolano 16 empresas ligadas à exploração de diamantes e cerca de 41 projectos em prospecção.DC/VM