Benguela – O Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro, realçou esta quinta-feira a "notável" participação da classe empresarial portuguesa no processo de revitalização do projecto de logística do Corredor do Lobito, com vista à obter vantagens recíprocas.
Luís Montenegro falava aos jornalistas, em Benguela, no terceiro e último dia da sua visita oficial a Angola, afirmando que o Corredor do Lobito é um projecto de logística fundamental nesta região, com investimento português.
Em causa está a empresa portuguesa Mota-Engil (49, 5%), que integra, tal como a Trafigura da Suíça (49,5%) e a Vecturis SA da Bélgica (1%), o consórcio internacional Lobito Atlantic Railway (LAR), que irá gerir, operar e manter a linha férrea do Corredor do Lobito por um período de 30 anos.
Além disso, a LAR também explora o Terminal de Minério do Porto do Lobito, integrado com a linha do caminho-de-ferro, no quadro do projecto do corredor, que visa atingir uma capacidade de exportação e importação de um milhão de toneladas nos próximos cinco anos.
Para tornar este corredor operacional e rentável no futuro, o consórcio deve investir 500 milhões de dólares em Angola e cerca de 100 milhões na parte da República Democrática do Congo (RDC), principalmente em infra-estruturas e material circulante, como vagões e locomotivas.
O Chefe do Governo português reconheceu que é uma grande concessionária de transporte ferroviário que tem uma empresa âncora na sua operação, nomeadamente a portuguesa Mota-Engil, também com uma multiplicidade de investimentos em Angola.
“Tem um impacto absolutamente extraordinário e, já agora, tem também na sua própria história a participação portuguesa”, referiu, defendendo o aprofundamento cada vez mais das relações económicas entre Portugal e Angola.
Mas é na cooperação bilateral onde o Primeiro-ministro português vê o caminho certo para que as empresas portuguesas e angolanas colaborem e tornem as economias dos dois países mais produtivas, geradoras de mais empregos e oportunidades.
Daí insistir na necessidade de se aproveitar várias outras oportunidades do Corredor do Lobito, que, a seu ver, não se esgotam apenas na operação logística que parte para o Porto do Lobito.
Na prática, disse ser preciso também tentar dinamizar outras regiões do país, por via do Corredor do Lobito e, dessa maneira, criar muitos empregos e muitas oportunidades, tanto para os angolanos, quanto para os portugueses.
“Tive a ocasião de pôr a locomotiva (do Caminho de Ferro de Benguela) a apitar e de poder comprovar que a internacionalização das nossas empresas é uma locomotiva da nossa economia”, contou.
O governante pretende que as empresas portuguesas façam investimento numa economia como Angola, onde possam dar o seu contributo, seja na área produtiva, de serviços ou de concessão, como é o caso do corredor ferroviário do Lobito, trazendo desenvolvimento para os dois países.
Energias renováveis
Outro exemplo da capacidade do empresariado português de poder contribuir para o desenvolvimento de Angola reside, segundo Luís Montenegro, na maior central de energia solar do país e da África subsahariana, construída pela empresa portuguesa MCA, no Biópio, província de Benguela.
Dada a magnitude desta infra-estrutura, com capacidade de produção de 188 megawatts e já replicado em outras províncias de Angola, o Primeiro-Ministro ressaltou ser uma demonstração da capacidade de internacionalização das empresas portuguesas.
Elencou igualmente a partilha de “know-now”, a tal ponto que as empresas de Portugal criam condições para se desenvolverem e também contribuírem para o progresso económico e social dos países.
“Estamos a falar de um investimento na área das energias renováveis, que é uma das áreas onde somos mais competitivos, do ponto de vista da engenharia, tecnologia, obra física e da manutenção”, assegurou.
Aprofundamento das relações
Para Luís Montenegro, a visita serviu para ficar ainda mais consciente das muitas oportunidades que os dois países, povos e governos podem partilhar no aprofundamento das relações aos mais variados níveis, nomeadamente, cultural, educativo, formativo e partilha de conhecimentos.
A isto, disse, junta-se a partilha de acções e intervenções nos palcos e nas organizações internacionais e, depois, na economia que o PM luso considerou imprescindível para levar bem-estar às pessoas, sejam angolanos ou portugueses que vivem em Angola e vice-versa.
O aprofundamento dessa relação tem ainda muito por caminhar e anos de afirmação, com o Primeiro-Ministro a garantir total empenho de Portugal em aproveitar todas as oportunidades, colaborar e cooperar com as autoridades angolanas.
Em Benguela, com uma agenda virada para a cooperação económica, o Chefe do Governo de Portugal visitou ainda o Terminal Mineiro do Lobito, a estação de passageiros do Caminho de Ferro de Benguela e o Porto do Lobito.
Actualmente, a comunidade portuguesa está estimada em mais de 110 mil cidadãos que trabalham em Angola. JH/CRB