Luanda – O segundo dia da visita do Presidente norte-americano, Joe Biden, a Angola, foi marcado pelo encontro com o seu homólogo, João Lourenço, e pelo anúncio de mais financiamentos para a segurança alimentar.
Desde segunda-feira em Angola, o estadista começou a jornada com uma recepção no Palácio Presidencial, onde recebeu cumprimentos de boas vindas de João Lourenço, passou em revista as tropas em paradas, antes da reunião em privado.
Em seguida, os dois Presidentes co-presidiram a reunião entre as delegações governamentais, destinada a definir a estratégia da parceria para o futuro.
Ao discursar na abertura da reunião, o Presidente angolano disse que a visita de Biden enterra um passado das relações em que, no quadro da Guerra Fria, nem sempre os dois países estavam alinhados.
Referiu que marca também um importante ponto de viragem nas relações entre ambas nações, que “sem sombra de dúvidas conhecerão uma nova dinâmica a partir de hoje”.
Lembrou que Angola e os Estados Unidos da América mantêm relações político-diplomáticas desde 19 de Maio de 1993, que têm vindo a crescer ano após ano, sobretudo desde que em Angola deu início ao combate sério contra a corrupção e a impunidade e está a criar um melhor ambiente de negócios.
Na ocasião, o Presidente João Lourenço advogou o reforço da cooperação no sector da defesa e segurança com os Estados Unidos da América (EUA).
Disse que gostaria de ver incrementada a cooperação neste domínio, sobretudo no acesso às escolas e academias militares, no treino militar em Angola, bem como na realização de mais exercícios militares conjuntos.
O Presidente João Lourenço quer, igualmente, ver reforçada a cooperação nos programas de segurança marítima, para a protecção do Golfo da Guiné e do Atlântico Sul, assim como no programa de reequipamento e modernização das Forças Armadas Angolanas.
Por outro lado, referiu que importantes projectos de investimento público estão em curso, com o financiamento do EXIMBANK americano, do CITI Capital e a Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional (DFC), com empresas americanas como a SUN África, a Africell, a Mayfair Energy, a Acrow Bridge, a GATES Air entre outras.
Por seu turno, Joe Biden disse estar muito orgulhoso por ser o primeiro Presidente americano a visitar Angola e por tudo que foi feito para transformar a parceria.
Em tom de brincadeira referiu: “nós, os Bidens, somos como parentes pobres. Aparecemos quando somos convidados, ficamos mais tempo do que deveríamos, comemos toda a sua comida e não sabemos quando ir embora. Mas você tem sido muito generoso e hospitaleiro. Obrigado”, reconheceu o Presidente.
Afirmou que ainda há muito pela frente que as duas nações podem fazer, sendo que os resultados até agora falam por si, como construir uma linha ferroviária de acesso, de oceano a oceano, que vai conectar o continente de Oeste a Leste, pela primeira vez na história.
Apontou igualmente o investimento em projectos de energia solar que vão ajudar Angola a gerar 75 por cento da sua energia limpa até ao próximo ano.
Joe Biden pronunciou-se também sobre a actualização da infra-estrutura de Internet e comunicações, para conectar todas as redes de Internet de alta velocidade de Angola.
O período da tarde foi marcado por uma visita carregada de grande simbolismo histórico ao Museu da Escravatura, de onde partiram os primeiros escravos angolanos a chegar no território norte-americano.
Na ocasião, o Presidente proferiu um discurso onde falou sobre os escravos angolanos levados para os Estados Unidos e sublinhou que “Angola e os EUA estão condenados a viver juntos e a reforçar as relações históricas”.
“Apesar de estarmos em fim de mandato, ainda temos muito que fazer para ajudar Angola, e apoio financeiro de que juntos podemos fazer história”, acrescentou o Presidente americano, que sublinhou que “Angola é um país abençoado, tendo em vista os mais variados recursos que possui”.
Considerada histórica, por ser a primeira de um Presidente norte-americano, a visita termina quarta-feira com uma deslocação à província do Benguela, onde vai se inteirar do funcionamento do Porto do Lobito, uma importante infra-estrutura do Corredor do Lobito, bem como se desloca à Fábrica de Processamento de Alimentos do Grupo Carrinho.
Em Benguela, antes de deixar o país, Joe Biden vai participar ainda na Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, na qual se espera também a participação dos presidentes de Angola, Zâmbia, RDC e da Tânzania.ART