Luanda - O Presidente do MPLA, João Lourenço, afirmou, esta segunda-feira, em Luanda, que o seu partido tem sido o garante das transformações do país, como o fim do sistema de partido único, a abertura à democracia multipartidária e à economia de mercado.
O líder partidário discursava na abertura do VIII Congresso Extraordinário do MPLA que, até terça-feira, vai discutir os ajustamentos ao estatuto do partido e à tese sobre os 50 anos de Independência Nacional, a assinalar-se a 11 de Novembro de 2025.
No plano de desenvolvimento, o também Presidente da República referiu que com o MPLA à frente dos destinos da nação Angola conhece um grande programa de reconstrução nacional e construção de novas infra-estruturas, como portos, aeroportos, estradas, barragens hidro-eléctricas e parques fotovoltaicos de energia solar.
Apontou ainda a construção de linhas de transmissão, estações de captação e adução de água, estabelecimentos escolares e hospitalares em todo o país e de todos os níveis.
Fez igualmente menção ao trabalho para acabar com o “calvário das populações da Huíla, do Cunene e do Namibe devido aos efeitos da seca severa e cíclica” que vem há anos assolando aquela região.
Neste particular, explicou que está em vias de terminar a construção das barragens e canais de água, no quadro do amplo Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola (PCESSA).
João Lourenço fez igualmente referência ao programa de combate à corrupção e à impunidade, à criação de um bom ambiente de negócios, à diversificação da economia, ao aumento da produção interna de bens e serviços, à atraccão do investimento directo estrangeiro em vários sectores da economia e ao fomento do turismo.
“Com o MPLA, o país está cada vez mais aberto ao mundo, com uma diplomacia pujante, com maior credibilidade junto das instituições financeiras e de crédito internacionais”, realçou.
Como exemplo, referiu a recente visita do Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, ao país, “o que nos deixa a todos muito orgulhosos pelo que isso significa para a imagem de Angola e as perspectivas de atracção de investimento privado estrangeiro e a possibilidade de os empresários angolanos investirem no mercado americano”.
Falou sobre o engajamento e financiamento americano no Corredor do Lobito, uma infra-estrutura mais segura, rápida e barata de transporte, logística e do comércio mundial, que vai contribuir para a segurança alimentar, a transição e segurança energética mundial e, consequentemente, para o combate às alterações climáticas e suas consequências.
Pelo descrito, o Presidente do MPLA concluiu que no quadro da democracia multipartidária, onde outros partidos políticos e a sociedade civil têm o seu espaço, não restam dúvidas de que o MPLA tem um papel acrescido no âmbito das responsabilidades para com a nação.
“Perante este facto, devemos primar pela necessidade do reforço da organização e unidade interna, assim como por uma maior inserção do nosso partido na sociedade angolana”, apelou.
Papel de destaque no alcance da independência
João Lourenço frisou que o MPLA tem um grande percurso de lutas e de vitórias, que remontam à luta clandestina nas cidades e vilas, mobilizando os angolanos para a luta contra o regime colonial português.
Recuando do tempo, lembrou que a intransigência do ocupante em não aceitar conceder pacificamente a autodeterminação dos povos então oprimidos levou o MPLA a organizar e dirigir a luta de guerrilha nas diferentes regiões que, conjugada com a luta dos povos irmãos da Guiné-Bissau, de Cabo Verde e de Moçambique e das forças antifascistas portuguesas, culminou com a queda do regime colonial fascista aos 25 de Abril de 1974, em Portugal.
Acto contínuo, tendo sido o MPLA a dispor de um programa de luta unificador e com abrangência verdadeiramente nacional, que teve a capacidade de mobilizar compatriotas de todas as origens, de Cabinda ao Cunene, do litoral ao leste, camponeses, operários e intelectuais à volta de uma mesma causa - a da libertação nacional, coube-lhe a responsabilidade de proclamar a Independência Nacional, na voz do Presidente António Agostinho Neto, aos 11 de Novembro de 1975.
Fazendo alusão ao período que se seguiu à independência, afirmou que com o MPLA no poder o país soube manter a soberania nacional frente às investidas dos invasores externos, que acabariam por ser definitivamente derrotados na histórica batalha do Cuito Cuanavale, a 23 de Março de 1988, abrindo caminho para a proclamação da independência da Namíbia e a queda do regime do Apartheid e a consequente implantação de um sistema de democracia multipartidária na África do Sul.
Destacou que foi sob a direcção do MPLA que se operaram importantes reformas políticas, como o fim do sistema de partido único, a abertura à democracia multipartidária e à economia de mercado.
João Lourenço vincou ainda que foi sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos que se pôs fim à guerra, se alcançou a paz definitiva e se deu início ao processo de reconciliação nacional, que deve ser contínuo.
Participam no VIII Congresso Extraordinário MPLA, que encerra terça-feira, cerca de dois mil delegados das 18 províncias do país e da diáspora, para discutir o ajustamento ao estatuto do partido e a tese dos 50 anos de independência, os dois únicos pontos da agenda do conclave.ART