Brazzaville (Do enviado especial) - O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, reuniu-se, este sábado à noite, em Brazzaville, com o seu homólogo da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, para analisar questões de interesse bilateral e a situação de segurança regional.
O estadista angolano chegou ao fim da tarde de sábado à capital congolesa, a convite do Presidente Denis Sassou Nguesso, para uma visita de trabalho.
O encontro entre os dois líderes serviu para passar em revista as históricas relações existentes entre as duas nações da África Central e a situação política no continente africano, em geral, com destaque para a região dos Grandes Lagos, e no mundo.
Depois da reunião, João Lourenço e a delegação que o acompanha participaram num jantar oficial oferecido pelo Presidente Sassou Nguesso, no Palácio Presidencial em Brazzaville.
O Chefe de Estado angolano chegou à capital congolesa vindo de Kampala, no Uganda, onde presidiu, no mesmo dia, aos trabalhos da Cimeira Extraordinária da União Africana (UA) dedicada ao desenvolvimento da agricultura.
No seu discurso de encerramento, João Lourenço indicou que houve uma grande unanimidade sobre as decisões tomadas na conferência de Kampala, que serão cruciais para a efectivação dos principais desígnios do encontro, nomeadamente a construção de sistemas agro-alimentares robustos, resilientes, inclusivos e sustentáveis.
Ressaltou que o continente africano possui condições favoráveis para o desenvolvimento de uma agricultura produtiva que possa satisfazer as necessidades dos seus países e a procura por alimentos noutras regiões do planeta.
Paz e segurança
Segundo João Lourenço, a Cimeira de Kampala abordou exaustivamente as questões relativas à paz e à segurança em África, dando especial realce às ligadas ao aumento das acções terroristas e de extremismo violento e às mudanças inconstitucionais de governos democraticamente eleitos.
Reconheceu que os esforços envidados até aqui para debelar este mal que aflige essencialmente uma parte do continente “não nos terão levado aos resultados desejados, de termos um continente onde a paz e segurança, a estabilidade das instituições do Estado, sejam o garante do desenvolvimento económico e social dos nossos países".
Lamentavelmente, prosseguiu, algumas destas más práticas “desviam-nos do objectivo central do nosso continente, o de promover o desenvolvimento, tendo como base propulsora a agricultura, tema que mereceu toda a nossa atenção”.
Aproveitou a oportunidade para manifestar a sua preocupação com a situação de guerra que o povo do Sudão enfrenta, suas graves consequências para a vida e segurança dos cidadãos, para a economia do país e dos países vizinhos, pelo elevado número de refugiados que recebem.
“Mais uma vez, apelamos às partes em conflito a considerar seriamente a necessidade de resolução do conflito pela via do diálogo”, disse.
Sobre a situação no Leste da República Democrática do Congo (RDC), indicou que o conflito entre a RDC e o Rwanda pode conhecer um desfecho em breve, tendo em conta os “grandes avanços” alcançados nos últimos meses nas reuniões do processo de Luanda, a nível ministerial.
Uma Cimeira ao mais alto nível ajudará a desbloquear o impasse, para evitar o retrocesso do processo e assegurar que não sejam desperdiçados os entendimentos e ganhos já alcançados, nomeadamente quanto à neutralização das Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR) e à retirada do contingente militar rwandês do território da RDC, augurou. MR/IZ