Praia (Dos enviados especiais) – O Presidente da República, João Lourenço, apelou, segunda-feira, na cidade da Praia (Cabo Verde), ao diálogo, como a "via natural” para o fim do conflito na Ucrânia.
O Chefe de Estado angolano, que falava no jantar oficial oferecido pelo seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, encorajou os líderes mundiais que, de forma incansável, se desdobram em múltiplos contactos diplomáticos na busca da paz e segurança na Europa.
“Confiamos numa mediação internacional neutra e credível, que seja aceite pela Rússia e pela Ucrânia e que contribua para se alcançar um cessar-fogo definitivo e a abertura de negociações alargadas para uma paz duradoura para todo espaço europeu”, reforçou.
Afirmou que, tal como tem pautado em relação às vítimas de conflitos em África, no Médio Oriente e noutros cantos do mundo, Angola está solidária com as vítimas civis do conflito que assola o território ucraniano.
Na óptica do estadista angolano, há necessidade de se evitar, a todo custo, a escalada do conflito, para nunca se chegar ao ponto de não retorno.
“Embora não seja a primeira vez que a paz é quebrada na Europa, eis que 77 anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, que foi responsável por 50 milhões de vidas humanas perdidas, o velho continente volta a enfrentar de novo esta realidade que a todos preocupa, pelas repercussões que pode atingir se não houver contenção da parte daqueles directamente envolvidos e dos líderes mundiais no geral”, frisou.
Conflitos em África
Além do conflito ucraniano, João Lourenço afirmou que África se debate, igualmente, com a insegurança, apontando a necessidade de uma abordagem abrangente e concertada por parte da União Africana (UA) e de cada um dos países africanos, para que se encontre, de forma criativa, soluções que possam ajudar a resolvê-los definitivamente.
“É natural, neste contexto, que mereça destaque uma reflexão sobre a questão dos conflitos de natureza e causas diversas, que assolam várias regiões do continente e que comprometem seriamente os esforços de desenvolvimento em que a África está decididamente empenhada”, observou.
Ressaltou que está consciente de que o impacto negativo dos diferentes cenários de insegurança não se circunscrevem somente aos locais onde ocorrem, pois os seus efeitos nocivos repercutem-se amplamente por todo o continente.
Desta feita, adiantou, deve-se colocar toda atenção, energia e esforços na busca de soluções para os conflitos que se desenrolam na região do Sahel, dos Grandes Lagos, na África Austral, onde acontecem acções de terrorismo em Moçambique, e no Corno de África.
O Presidente angolano alertou que não se pode agir com indiferença às sucessivas mudanças inconstitucionais de governo por via de intervenções militares em África, havendo, portanto, necessidade de se procurar ser vigorosos nas posições, para que a tomada do poder em África pela força das armas não se torne uma banalidade e normalidade.
O quadro que perdura há décadas, sinalizou, é responsável, em grande medida, pelo atraso económico de África, pelos altos índices de desemprego, pela falta de infra-estruturas e, consequentemente, pelos fluxos de refugiados internos e de outros que aportam à Europa, onde, em alguns, casos são discriminados e humilhados.
“África tem sido vítima dos conflitos armados, do terrorismo e de golpes de Estado. Por isso, defendemos a necessidade da sua prevenção ou do fim deles ali onde existem, sendo por isso que Angola propôs a realização de uma Cimeira sobre o Terrorismo em África, que decorrerá em Malabo, capital da Guiné Equatorial, de 28 a 29 de Maio de 2022.
Disse essa cimeira será uma oportunidade para promover uma discussão aprofundada que permita identificar e adoptar medidas apropriadas que concorram para o fim dessas inaceitáveis ocorrências no nosso continente africano.