Luanda - O cidadão angolano Ivo São Vicente poderá ser ouvido em Portugal, depois de ter sido constituído arguido, recentemente, no âmbito do processo-crime que envolve o seu pai, o empresário Carlos São Vicente.
A informação foi avançada nesta quarta-feira, à imprensa, pelo porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Álvaro João, que disse tratar-se da única pessoa, além de Carlos São Vicente, até agora constituída arguida neste processo.
Conforme o responsável da PGR, Ivo São Vicente, radicado em Portugal, poderá ser ouvido naquele país, ao abrigo de mecanismos de cooperação judiciária entre ambos os Estados.
Segundo Álvaro João, apesar de o arguido estar em Portugal, existem mecanismos judiciários para ouvir uma pessoa ausente, sobretudo num país com quem haja cooperação judiciária em matéria penal, evitando estagnar o processo.
De acordo com o porta-voz da PGR, estão a ser feitas deligências para que Ivo São Vicente seja ouvido em Portugal.
O “caso São Vicente”
A família de Carlos São Vicente tem algumas contas congeladas pela justiça, apesar do recurso que interpôs no ano passado para que fosse levantada a medida.
Segundo o despacho que determinou a prisão preventiva do empresário Carlos São Vicente, este teria levado a cabo “um esquema ilegal” que lesou a petrolífera estatal Sonangol em mais de 900 milhões de dólares.
O empresário angolano desempenhou entre 2000 a 2016, em simultâneo, as funções de director de gestão de riscos da Sonangol e de presidente do conselho de administração da companhia AAA Seguros, sociedade em que a petrolífera angolana era inicialmente a única accionista.
O mesmo é acusado de ter levado a cabo, na época, “um esquema de apropriação ilegal de participações sociais” da seguradora e de “rendimento e lucros produzidos pelo sistema” de seguros e resseguros no sector petrolífero em Angola, graças ao monopólio da companhia.
No último sábado, Irene Neto, mãe de Ivo São Vicente, havia afirmado que o filho do empresário foi constituído arguido, mas não deu detalhes sobre a acusação.