Beijing (do enviado especial) - A presença de investimentos chineses em Angola é cada vez mais visível e continua em expansão, afirmou esta terça-feira, em Beijing, o vice-director para os Assuntos Africanos do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Li Pin.
Segundo o responsável, que falava num encontro de cortesia com jornalistas angolanos em visita à China, a cooperação entre os dois países é excelente e sustentada.
O diplomata, que trabalhou por cerca de cinco anos na Embaixada da China em Angola, negou que as relações entre os dois países estejam a esfriar.
“A visibilidade de Angola na China é bastante grande, tanto é assim que investimentos chineses já estabelecidos noutros países africanos estejam se deslocando para Angola”, frisou.
Com efeito, recordou que, em Março deste ano, aquando da visita do Presidente João Lourenço à China, foram assinalados novos intrumentos jurídicos no âmbito da cooperação bilateral e definidas algumas áreas específicas para o reforço desta relação, com realce para a agricultura, indústria e tecnologias de informação.
Relativamente ao sector da agricultura, Li Pin recordou que a China já investe neste segmento há alguns anos (Huambo e Bengo) e que Angola tem potencialidades para a produção em grande escala.
“Ao mesmo tempo, empresas chinesas à procura de mão-de-obra qualificada também enviam jovens estudanes angolanos para a China”, disse.
Deste modo, acrescentou, entre 300 e 400 estudantes angolanos estão permanentmente na China numa formação de longo prazo.
Contudo, reconheceu que a língua continua a ser um grande entrave tanto para angolanos como para chineses.
Por isso, defendeu que os chineses devem apostar mais na aprendizagem da língua portuguesa, assim como angolanos devem esforçar-se para aprender o mandarim.
Li Pin concordou, entretanto, sobre a necessidade dessa cooperação estender-se mais numa interligação entre os dois povos, nos domínios da cultura, desporto, investigaçao científica e não só.
“A China tem um relacionamento de cooperação com Angola e os demais países africanos que não é exclusivo. O nosso único objectivo é ver África a crescer e qualquer que seja o parceiro que ajude nesse sentido, a China vê com bons olhos”, enfatizou.
O diplomata recordou que, logo após o conflito armado, em 2002, a China foi o país que mais financiou Angola no seu processo de reconstrução, construindo estradas, moradias, hospitais, escolas e linhas férreas.
Quanto ao Corredor do Lobito, Li Pin disse que o seu país ajudou a recuperá-lo porque já sabia da importância que o mesmo tem, tanto para Angola como para os países encravados, nomeadamente a República Democrática do Congo e a Zâmbia.
Congratulou-se com a importância mediática que o mesmo vem tendo, mas sobretudo, que beneficie a população angolana e todos aqueles que venham a precisar dele.
De igual modo, disse que o país asiático também foi o primeiro a criar um mecanismo de cooperação com África (FOCAC), visando o desenvolvimeno do continente e uma parceria estratégica.
Desde 2002, a China formou mais de três mil profissionais angolanos, restaurou dois mil 800 quilómetros de caminho-de-ferro, 20 mil quilómetros de estradas, construiu 100 mil moradias, mais 100 escolas e 50 hospitais em Angola.
Um grupo de cinco jornalistas angolanos encontra-se desde domingo na China, a convite das autoridades locais, para melhor conhecerem a realidade do país asiático nos diversos domínios, nomeadamente económico, social e cultural.
Nesta terça-feira, a comitiva foi recebida pela direcção do Instituto da China-África, com quem interagiu e trocou ideias visando o reforço do inercâmbio entre os dois povos e visitou o Ministério dos Negócios estrangeiros da China.
Na segunda-feira, o dia foi marcado por uma deslocação, a uma das sete maravilhas do mundo, a Grande Muralha da China. CRB/VIC