Luena – A aposta no sector das infra-estruturas, com destaque para a construção de estradas inter-municipais no Moxico, é o maior desafio da actual governação local, liderada pelo governador provincial, Ernesto Muangala, nos próximos cinco anos (2022-2027).
A província do Moxico, a maior do país (17 por cento do território nacional), tem uma superfície de cerca de 223.023 km2 e está organizada, administrativamente, em nove municípios, mormente, Alto Zambeze, Bundas, Camanongue, Léua, Luacano, Luau, Luchazes, Cameia e Moxico.
Em termos de vias de comunicação, a província conta apenas com 576 quilómetros asfaltados, dos três mil e 477 que compõem a malha rodoviária da região.
Dos nove municípios, apenas um (Camanongue) está ligado por estrada asfaltada com a cidade do Luena, sede da província.
A conclusão das obras de construção de cerca de 800 quilómetros paralisados há nove anos, por falta de verbas, é a maior preocupação da população local, constituindo-se como um enorme desafio do novo governador que entrou em funções esta quarta-feira (28).
Trata-se dos troços Lucusse (Moxico)/Lumbala Caquengue/Cazombo (Alto Zambeze), Lutembo/Lumbala NGuimbo/Ninda/Neriquinha, no município dos Bundas, Luena/Cassamba e Cangamba, no município dos Luchazes, assim como a estrada Marco 25, no município do Luau, até à vila do Cazombo, num percurso de 175 quilómetros.
Entre os desafios, consta ainda a construção da Estrada Nacional EN250, no troço Munhango/Luena, que liga as províncias do Bié e Moxico, aprovado recentemente pelo Presidente da República, João Lourenço.
Trata-se de uma despesa avaliada em 194 milhões e 556 mil e 415 euros (um euro equivalente a 433,77 kwanzas), de acordo com o Decreto Presidencial nº 206/22 de 12 de Julho a que a ANGOP teve acesso, cujo concurso público já foi lançado, bem como a ligação dos municípios do Lumeje-Cameia/Luacano/Luau, igualmente, aprovado por Decreto Presidencial.
Nesta legislatura, a nova governação deverá, também, dar continuidade às obras de asfaltagem dos bairros periféricos em curso, na cidade do Luena, numa extensão de 28 quilómetros de estradas no quadro do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
No quadro do PIIM, o governo está a requalificar diversos bairros periféricos do Luena, nomeadamente, Santa Rosa, Tchifuchi, Popular, Hospital, além de Sangondo, Kwenha, Passa-Fome, Alto Campo, Social da Juventude e Sambuatama, que serão intervencionados na segunda fase.
A efectivação desses projectos permitirá elevar a economia local, através da exploração das potencialidades económicas, culturais, turísticas e minerais, factores estratégicos que, poderão contribuído, exponencialmente, na criação de emprego e combate à pobreza.
Conclusão dos projectos inacabados há década
Ainda no quadro das infra-estruturas, o governo tem o desafio de implementar acções, com vista a concluir várias obras inacabadas na região, como por exemplo, a construção do Instituto Politécnico do Luena, com 32 salas de aula, paralisado há 10 anos, por falta de verbas.
Localizada no bairro Alto Luena, ao sul da cidade, a empreitada, que está a 90 por cento de execução física, foi projectada para receber dois mil 800 estudantes, acção que poderá reduzir o elevado número de crianças fora do sistema de ensino.
Neste sector, a província carece de mais 700 novas salas de aula, equivalente a 50 escolas de tipologia T14 para acolher mais de 62 mil crianças que se encontram fora da rede escolar.
Na mesma situação, encontram-se paralisadas há nove anos, por falta de pagamento, as obras de requalificação e ampliação da escola do ensino primário “Comandante Kwenha”, com capacidade de 28 salas de aula, localizada no centro do Luena.
Em estado de abandono, há 12 anos, com uma execução física de 90 por cento, encontram-se, também, as obras de construção do edifício que vai acomodar os Gabinetes Provinciais.
O edifício composto por 68 gabinetes, distribuídos em 17 naves, orçado em 214 milhões e 200 mil kwanzas, é financiado pela linha de Eurobond´s.
Reforço do sector da saúde
A advocacia para a contratação de mais quadros para o sector da saúde, na província, que carece mais de 10 mil profissionais (actualmente inferior a dois mil), bem como a construção de mais unidades para reforçar os Cuidados Primários de Saúde e promoção da humanização dos serviços, são algumas das preocupações actuais do sector.
Agricultura carece de mais apoio
O desenvolvimento de recursos humanos especializados nos domínios da agropecuária, bem como aposta em recuperação de infra-estruturas do sector, com destaque para os perímetros irrigados do Luena e do Sacassanje, para maximizar o sector, são outras acções prioritárias no quinquénio 2022/2027.
Essas acções devem ser acompanhadas com planos de formação e capacitação dos agricultores e apicultores, bem como com apoio dos meios de produção, assim como a criação de uma rede local estruturada de fornecimento e comercialização de insumos agrícolas e pecuária.
Investimento no sector eléctrico e das águas
A província tem, ainda, o desafio de expandir a rede eléctrica em todos os municípios para atrair investidores de diversos pontos do país, permitindo alavancar o sector económico, fundamentalmente, com a construção de pequenas e médias indústrias, com vista a melhorar o ambiente de negócio na região e gerar mais empregos.
A província já possuía 40 megawatts, entre 2017 a 2019, porém, actualmente, regista-se uma baixa nas centrais térmicas do Luena 2 (do bairro Zorro), Luena 3 (Bairro Social) e a barragem hidro-eléctrica do Tchihumbue, que passou a produzir oito dos 12.5 MW previstos, quantidade insuficiente, tendo em conta o crescimento da população e o número de infra-estruturas.
Quanto ao sector das águas, a Empresa Provincial de Águas e Saneamento do Moxico tem efectuadas, no Luena e redondezas, sete mil e 400 ligações, das quais cinco mil 791 activas, beneficiando 200 mil habitantes.
Ainda assim, a distribuição do precioso líquido não é alargada, tendo em conta que em muitos municípios esse serviço não abrange a população que consome água imprópria.
Carência de habitação
Apesar da construção dos 425 apartamentos da Centralidade, baptizada com o nome de Heróis de Cangamba e a urbanização 450 casas, construída no bairro 4 de Fevereiro, a leste do Luena, o acesso à habitação ainda é bastante limitado, tendo em conta que muitos cidadãos, fundamentalmente jovens, esperam realizar o sonho pela casa própria.
Esse desiderato poderá vir a ser concretizado com o projecto de conclusão da segunda fase da Centralidade “Heróis de Cangamba”, que prevê chegar aos três mil apartamentos, consubstanciando-se com a implementação de mais outros projectos.
Massificação do Desporto
A massificação do desporto escolar, a edificação de infra-estruturas do sector, com destaque para a construção de campos e quadras comunitárias é outra área importante que deve ser apostada para o desenvolvimento de diversas modalidades na província, permitindo o surgimento de mais clubes e descoberta de novos talentos.
Muangala – o oitavo governador do Moxico
Médico de profissão, Ernesto Muangala substitui o jurista Gonçalves Muandumba, que governou a província do Moxico entre 2017 a 2022, após render João Ernesto dos Santos “Liberdade” que permaneceu na gestão da província durante 26 anos.
Antigo director da Saúde do Moxico (2007-2008), nascido em Julho de 1961, em Cambulo, província da Lunda Norte, até pouco tempo, Ernesto Muangala era governador da sua terra natal (Lunda Norte) durante 14 anos.
A sede provincial é a cidade do Luena, que concentra mais de 40% da população em um total de 935.649 habitantes que compõem a província. Do ponto de vista etnolinguístico, a população é bastante diversificada, com predominância dos grupos Chokwe, Luvales, Ovimbundos, Lunda Dembo, Luchazes, Bundas e outros pequenos grupos.