Adis Abeba (Dos enviados Especiais) - Pelo menos 799 milhões de pessoas em África estão afectadas por uma insegurança alimentar, revelou quarta-feira, em Adis Abeba, a Comissária da União Africana para agricultura, a angolana Josefa Sacko.
A diplomata avançou os dados na 42ª sessão ordinária do Conselho Executivo da UA, quando apresentava o relatório anual sobre a implementação das actividades sobre o roteiro do ano de 2022.
Disse que os povos africanos enfrentam incríveis desafios que se cruzam, que são injustos e impossíveis de ignorar.
Segundo a Comissária da UA, a pandemia Covid-19, os conflitos, as rupturas da cadeia de abastecimento, a inflação, as crises da dívida e os picos de preços dos alimentos contribuem para uma crise crescente de desnutrição que recai mais fortemente sobre aqueles que menos possuem.
De acordo com a responsável, o acesso a alimentos seguros e nutritivos suficientes, essenciais para a sobrevivência, saúde e produtividade das gerações futuras, têm sido limitados.
Estatísticas recentes mostram que actualmente 61,4 milhões de crianças africanas sem a idade de cinco anos são atrofiadas, 3 milhões são desperdiçada e 10,6 milhões têm excesso de peso.
Josefa Sacko fez saber que última vez que a África assistiu a uma tal crise alimentar foi em 2007-2008. "Os Estados tinham mais flexibilidade orçamental e eram mais resilientes”.
Informou que os desafios da segurança alimentar e da nutrição nas últimas décadas, têm merecido uma atenção especial pelos Estados Membros.
Para si, sem acções urgentes, as vidas, o bem-estar e a prosperidade de milhões de africanos, incluindo as gerações futuras, estão em risco e é necessária uma liderança política de alto nível para reedição eficaz desta crise",.
O relatório apresentado recomenda os Chefes de Estado e de Governo para apoiar o estabelecimento de mecanismos liderados pelo país que assegurem a geração e disponibilidade de dados de qualidade sobre nutrição para informar, planeamento, monitorização e avaliação de programas de nutrição por parte do Estado Membro.
Impacto do tema do Ano da UA
A defesa e popularização do tema do Ano da UA para 2022 foi levada a cabo por decisores de alto nível, incluindo Chefes de Estado e de Governo, ministros, parlamentares, peritos em nutrição e segurança alimentar, meios de comunicação social, juventude e maior alcance junto das bases e comunidades.
As actividades nesta vertente contribuíram para aumentar os compromissos no sentido de enfrentar os desafios da nutrição e segurança alimentar no continente e ajudou a verificar ainda mais que a nutrição e a segurança alimentar que necessitam de colaboração multi-sectorial
O relatúrio descreve que os recursos para a nutrição são ainda limitados em muitos estados africanos e onde existem, são em grande parte fundos de doadores e chama a atenção para a necessidade urgente de os Estados Membros darem prioridade ao aumento do investimento financeiro interno em segurança alimentar e nutricional.
Encoraja a inovação através da identificação de opções de financiamento para a nutrição, a promoção de investimentos em programação multi-sectorial no contexto humanitário.
Apela à Assembleia da UA para considerar a adopção da declaração de Abidjan "Acelerar o investimento, implementação e coordenação para melhorar a nutrição e a segurança alimentar em África". DC/AL