Namacunde - O contributo do rei Mandume Ya Ndemufayo na luta de libertação contra a colonização no Norte da Namíbia foi destacado, esta sexta-feira, pelo Inspector-geral das Forças de Defesa deste país, brigadeiro-general Ainima Blasius.
Ainima Blasius proferiu estas palavras à margem da visita ao Complexo Memorial do Rei Mandume, localiza-se na vila de Oihole, no município de Namacunde, no Cunene, no Sul de Angola e Norte da Namíbia, erguido em sua homenagem.
Na ocasião, lembrou que Mandume foi um guerreiro combatente que na altura defendeu com garra as suas terras e contribuiu muito na luta de libertação contra a colonização neste território.
“Angola é a nossa casa, pois temos boas memórias desde a luta de libertação contra a colonização, que promoveu a independência do nosso país, portanto, nos sentimos acolhidos sempre que viemos”, reconheceu.
Referiu que sendo um homem com um legado histórico, os seus feitos devem ser respeitados, seguidos e preservados para as futuras gerações.
Ainima Blasius disse que na Namíbia dará continuidade da preservação do seu legado e a cultura que caracteriza os dois povos, uma vez que na parte Norte encontra-se também uma Rainha que partilham os laços tradicionais da região.
Por seu turno, o Inspector-Geral da Defesa Nacional, Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, general Gouveia João Sá Miranda, disse que tanto Angola e Namíbia estão a desfrutar dos benefícios do sacrifício consentido por Mandume, na defesa da soberania.
Recordou que para Agostinho Neto, na sua dimensão panafricanista, dizia que "na Namíbia, no Zimbabwe e na África do Sul estava a continuação da nossa luta”, o que tem se notado nos laços de amizade entre as nações.
Gouveia João Sá Miranda sublinhou que no quadro da resistência angolana, o soberano continua a ser ainda hoje uma grande referência quer para Angola quer para a Namíbia.
Os órgãos de Inspecção Geral da Defesa Nacional dos dois Estados estiveram reunidos, de 12 a 16 deste mês, na cidade de Ondjiva (Cunene), onde concluíram a elaboração do guia de outorga de certificados e medalhas de honra dos Países da Região SADC.
Combates de Oihole
De Oihole, o reino enviava pequenos grupos de guerrilha que abatiam os invasores em todo o reino. A 30 de Outubro de 1916, os portugueses lançaram uma grande operação, comandada por Raul Andrade, com forças de pelo menos sete mil homens, que foram traídos por uma cilada dos kwanhamas, tendo sido derrotados.
Batalhas do Pembe e Môngua
As sucessivas derrotas infligidas pelos kwanhamas aos portugueses fizeram que o comandante máximo da tropa portuguesa no baixo Cunene fizesse um relatório da situação, o que forçou a vinda urgente de Moçambique do general Pereira d’Eça, que, ao chegar a Angola, foi investido governador-geral e chefe supremo das Forças Armadas Portuguesas. O novo governador-geral organizou-se e, em Agosto de 1915, ordenou combates contra os kwanhamas nos arredores da Môngua.
A batalha da Môngua é apontada como a maior e a mais mortífera para os portugueses ao longo de toda a ocupação de África. É descrita como a Batalha das Batalhas, sob o comando de Mandume ya Ndemufayo, o Rei dos Kwanyamas.
Referências biográficas
Nascido em 1892, na localidade de Embulunganga, município do Cuanhama, Mandume ya Ndemufayo é filho de Ndemufayo ya Haihambo e de Ndapona ya Shikende
Pertenceu ao reino mais poderoso da tribo Ovambos, comandou os destinos do seu povo, num dos períodos mais difíceis da história contra a ocupação colonial portuguesa de 1911 a 1917.
A sua coragem, resistência, determinação e bravura ficaram marcadas na tradição dos Ambós, que o apelidaram de "O cavaleiro incomparável".
O rei morreu a 6 de Fevereiro de 1917 na povoação de Oihole, município de Namacunde, por suicídio. PEM/LHE/SC