Luanda - O Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, recebeu esta sexta-feira, em Luanda, garantias de preservação do mural pintado pelo artista Neves e Sousa, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.
Em declarações aos jornalistas, Bornito de Sousa manifestou satisfação pela atenção que o ministro dos Transportes e às autoridades estão a dar na preservação do mural”.
O Vice-presidente da República afirmou que, por estar prevista a requalificação do Aeroporto, decidiu-se interagir com às autoridades aeroportuárias e dos transportes sobre a necessidade de se preservar a obra de arte de Neves e Sousa.
A obra e autor
O mural foi pintado por Neves e Sousa no período de 1954 a 1972. Ocupa uma extensão de 342 metros quadrados, no interior do Aeroporto 4 de Fevereiro.
A obra, com a técnica de baixo relevo, retrata povos e etnias de Angola, de Cabo Verde e da Guiné Bissau.
Poeta e pintor, Albano Silvino Gama de Carvalho das Neves e Sousa nasceu em 1921, em Matosinhos, e faleceu em 1995, em São Salvador da Baía (Brasil).
Neves e Sousa publicou livros de poesia, como Motivos Angolanos (1946), Mahamba. Poesias 1943-1949 (1949), Muênho (1968), e está incluído em algumas antologias, tal como Antologia Poética Angolana (1963), entre outras obras.
Em 1963, recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo Governo de Portugal, em 1970, a Honorary Mention - International Design Exhibition, em Rijeka (então Jugoslávia), em 1974, em Naples, Itália, a medalha de ouro de Designers da Academia Ponzen e, em 1993, novamente pelo governo Português, a Comenda da Ordem de Mérito.
Inventariação da arte pictórica
Por sua vez, o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, disse corroborar da necessidade de se preservar a obra de Neves e Sousa, bem como a inventariação do conjunto da arte pictórica angolana.
Afirmou que Neves e Sousa deve ser visitado pelos turistas e que a sua obra necessita de um catálogo traduzido em várias línguas.
O governante disse que as anteriores obras de requalificação do recinto aeroportuário não preservaram o suficiente o baixo-relevo, ao longo dos seus 342 metros quadrados, e que algumas partes foram seccionadas.
Admitiu a possibilidade de reestruturação futura do mural, na perspectiva da intervenção arquitectónica e respeito pelo “grande” espólio das artes angolanas.
Jomo Fortunato declarou que, apesar de produzida na época colonial, o motivo e o lugar da obra é angolana, apelando ao estudo do autor para conhecimento das gerações vindouras.