Catumbela – A população da província de Benguela coloca a livre circulação de pessoas e bens, a construção de infra-estruturas sociais e o relançamento do sector produtivo no topo dos ganhos dos 22 anos de paz efectiva, a assinalar-se a 4 de Abril.
Em declarações esta terça-feira à ANGOP, os cidadãos destacam a assinatura, a 4 de Abril de 2002, do acordo de paz entre o Governo e a UNITA como um marco histórico, que trouxe estabilidade e progresso para o país.
O administrador da empresa de construção CCJ, Carlos Fontes, reconhece que, durante duas décadas, os angolanos testemunharam avanços significativos em vários sectores, com destaque para o da construção civil, com muitos projectos inovadores, daí ser o pilar significativo para o desenvolvimento.
“Tivemos que reconstruir tudo o que se perdeu ao longo da guerra”, recorda o responsável, para quem a construção de infra-estruturas rodoviárias - como pontes, habitacionais e até parques de energia fotovoltaica, transformaram a imagem do país, contribuindo na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
Carlos Fontes, afirmando que a construção está sempre na vanguarda do crescimento de qualquer país, defende mais valorização das empresas nacionais que, durante os 22 anos de paz, abraçaram o desafio da reconstrução nacional.
Já o promotor turístico Jorge Nunes acredita que Angola é, hoje, um país mais estável e promissor, quer a nível do turismo, quer de outros sectores, como agricultura, pescas, construção e indústria.
A seu ver, depois do conflito armado, nota-se algum desenvolvimento a nível da condição de vida das pessoas, isto porque a esperança de vida em Angola aumentou, por um lado, e reduziu a taxa de mortalidade infantil, por outro.
O director do grupo teatral Damba Maria, Adérito Tchiuca, congratula-se com a livre circulação de pessoas e bens em todo o território nacional, e o relançamento da produção agrícola em muitas zonas recônditas, onde isto não era possível devido às minas.
Relativamente ao sector da cultura, elencou o surgimento de mais grupos de teatro, dança e música, além da recuperação de grandes infra-estruturas, como as salas de cinema da província de Benguela ou a recuperação do antigo edifício da Assembleia Nacional, em Luanda, para Casa do Teatro e da Música.
Afiança que a paz permitiu mais liberdade de expressão e alguma evolução do processo democrático, mas defende mais união de forças entre os actores políticos, para consolidar a reconciliação nacional para o bem-estar do povo angolano.
Por seu turno, o presidente da Associação Literária e Cultural de Angola (ALCA), Efraim Chinguto, diz que a paz transcende os factores económicos e sociais, pois os seus ganhos são sentidos até no processo do fomento do livro e da leitura, bem como na liberdade de pensamento de poetas e escritores.
Aliás, recordou que, durante os 22 anos de paz, várias associações literárias foram instituídas e escritores angolanos participaram em eventos sociais no estrangeiro e no país, conquistando inclusive renomados prémios. JH/CRB