Paris (Dos enviados especiais) - O Presidente da República, João Lourenço, anunciou esta quinta-feira, em Paris, que Angola e França decidiram reforçar os laços de amizade e cooperação, praticamente, em todos os domínios da economia dos dois países.
O Chefe de Estado, que falava na depois das conversações oficiais entre as delegações de Angola e da França, disse que a cooperação será reforçada em áreas como agricultura, turismo, saúde, ensino superior, recursos minerais, petróleo e gás, marinha mercante, defesa, segurança e ordem interna, águas e energia, entre outros.
Sobre o encontro de trabalho entre as duas delegações, João Lourenço disse que foi passado em revista, por um lado, o estado das relações bilaterais, e por outro a agenda internacional, designadamente os grandes acontecimentos mundiais que de alguma forma acabam por impactar a economia dos respectivos países.
Destacou que a França já está a participar na reestruturação do sector das águas, com o investimento do "Grupo Sues" para levar o precioso líquido a mais de três milhões de pessoas na cidade de Luanda, capital do país.
No sector energético, referiu, foram convidadas empresas francesas a investirem em linhas de transmissão de energia eléctrica para levar o excedente de Angola às zonas mineiras da Zâmbia e da República Democrática do Congo (RDC).
Por outro lado, revelou que foram convidados vários investidores de França a interessarem-se pela concessão, a ser feita este ano, 2024, para a gestão do Porto Comercial de Águas Profundas do Caio, na província de Cabinda.
Realçou que o interesse é recíproco, pois os investidores franceses continuam interessados em investir em Angola, da mesma forma que, na medida das suas capacidades, os angolanos também têm interesse em investir em França.
Actualidade Internacional
João Lourenço referiu que abordou com homólogo francês os conflitos em várias partes do mundo, a situação dificil e preocupante na região do Sael que enfreta o terrorismo e as mudanças incostitucional de governos, entre outros assuntos.
Explicou que os conflitos entre a RDC e o Rwanda, Rússia e Ucrânia, a situação na República do Sudão também foram temas da conversa privada.
"Congratulamo-nos com o anúncio feito ontem do acordo de paz entre Israel e o Hamas que vai por fim o sofrimento do povo palestino na região e permitir uma maior ajuda humanitária siginificativa e permitir a reconstrução de Gaza e a libertação dos refens, entre outros benefícios", assinalou.
No final, apelou a necessidade da criação do Estado da Palestina, considerando ser a única forma de se pôr um fim definitivo a este conflito duradouro.
Visita de Estado
Ainda hoje, João Lourenço vai manter um encontro com a presidente do Parlamento francês, Yara Braun-Pivet, antes de regressar à noite ao Palácio Presidencial para o jantar oficial oferecido pelo Presidente Macron.
Já na sexta-feira, segundo e último dia da visita, João Lourenço participa no Fórum Económico França-Angola, que vai explorar as oportunidades de negócios, parcerias e outros engajamentos, entre os operadores económicos dos dois lados.
Seguir-se-ão mais tarde visitas a objectivos económicos como uma central de valorização energética de resíduos e a Cidade das Ciências e da Indústria, estando o regresso do Chefe de Estado ao país previsto para sábado, 18 de Janeiro.
Acordos
Quarta-feira, Angola e França assinaram, em Paris, seis novos acordos de cooperação em vários domínios, com destaque para a defesa e ordem interna e preservação da biodiversidade.
Trata-se do novo Acordo Geral de Cooperação (AGC), do Acordo de Cooperação no Domínio da Segurança e Ordem Interna (ACDSOI) e de quatro Memorandos de Entendimento, um dos quais relativo à execução do Projecto Palanca Yetu para a Preservação da Biodiversidade.
Os restantes Memorandos referem-se ao Estabelecimento de Consultas Políticas, à execução do Projecto de Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura de Regadio (PROREGA) e à Cooperação no domínio dos Desportos.
Os seis instrumentos jurídicos foram assinados nas instalações do Quai d’Orsay (Ministério francês dos Negócios Estrangeiros) pelos chefes de diplomacia dos dois países, respectivamente Téte António e Jean-Noel Barrot. IZ/VIC