Luanda – As Forças Armadas Angolanas (FAA) comemoram, esta quarta-feira, 33 anos de existência com o foco no processo de reestruturação, modernização e formação de quadros para manter os níveis de prontidão operativa e combativa.
Por António Tavares, jornalista da ANGOP
A institucionalização das FAA traduz-se na materialização dos Acordos de Bicesse (Portugal), rubricados em 1991, entre o Governo angolano e a UNITA, ao abrigo dos quais seriam fundidas as ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), exército governamental, e as extintas Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), então componente militar da UNITA.
Com base nos entendimentos, as Forças Armadas Angolanas foram criadas com a previsão de um número total de 50.000 homens, sendo 40.000 do Exército, 6.000 da Força Aérea Nacional e 4.000 da Marinha de Guerra Angolana.
Processo de Reedificação das FAA
Com o alcance da paz e da reconciliação nacional em 2002, as Forças Armadas Angolanas, emergidas de um difícil período de crise, entraram numa fase de reedificação iniciada em 2006, com o objectivo de adequação das FAA à nova realidade do país.
Os resultados obtidos permitiram a passagem para a fase de reedificação, com a criação dos Corpos de Exército e Divisões, a construção ou reabilitação de quartéis, a formação ou reciclagem de quadros das diversas especialidades, ao mesmo tempo que se implementava o trabalho de educação patriótica, moral, cívica e ético-militar, no período de 2009 a 2010.
Os beneficiários são os quadros dos três ramos das FAA (Exército, Força Aérea e Marinha de Guerra), de modo a cumprir, exemplarmente, a sua missão constitucional de preservar a paz, a soberania e a integridade territorial do país.
No âmbito desse programa, as FAA têm melhorado o processo de selecção de novos efectivos, levando para as suas fileiras quadros mais jovens e capazes de cumprir grandes missões do ponto de vista táctico e intelectual.
De igual modo, têm adquirido meios e equipamentos militares sofisticados e construído importantes infra-estruturas necessárias no processo de consolidação da instituição militar angolana e do Sistema de Segurança e Defesa Nacional de que são parte integrante.
Foi ainda criada a primeira Universidade Militar vocacionada para preparar os efectivos a encarar com prudência, resiliência e determinação as situações atípicas do serviço que desempenham.
Exército
Ao Exército tem sido dada atenção privilegiada à potenciação e modernização dos equipamentos técnicos e das infra-estruturas para dar maior dignidade aos efectivos na sua missão específica e as necessidades sociais.
O ramo tem apostado na formação dos seus quadros, aprimorando os métodos de trabalho, para fortalecer os princípios da hierarquia militar.
A medida visa elevar a qualidade do processo de preparação combativa, operativa, educativa e patriótica das tropas e elevar a prontidão combativa das suas unidades.
Outrossim, unidades do Exército têm participado no processo de desminagem, na construção de pontes, no socorro às populações vítimas de calamidades naturais, bem como em acções de buscas e salvamentos.
Força Aérea
A Força Aérea Nacional (FAN) tem como missão principal a defesa e vigilância do espaço aéreo nacional, com vista a garantir a integridade territorial da nação.
No âmbito do programa que visa tornar a FAN mais moderna, forte e disciplinada em prol do fortalecimento do sistema de segurança e defesa do país, o Estado Angolano tem prestado atenção especial à aquisição de diversos meios técnicos, sobretudo da nova geração.
A formação de quadros no ramo é outra componente desse programa, tendo em vista assegurar a operacionalização da nova técnica por quadros angolanos.
Nessa perspectiva, o órgão recebeu, em Dezembro de 2020, o segundo lote de seis aeronaves militares de instrução do tipo K8-W, adquiridas da China pelo Estado angolano.
Os seis primeiros aviões deste novo modelo chegaram ao país, em Janeiro do mesmo ano, com o objectivo de reforçar a capacidade de treinamento de pilotos e de transporte aéreo do ramo terrestre das FAA.
O K8-W tem 11,60 metros de comprimento e 9,63 de envergadura da asa bem como 4, 21 metros de altura, e pode transportar diverso armamento, como duas bombas de fragmentação aérea, quatro de treinamento aéreo, dois mísseis ar-ar dirigidos, um canhão 23-2G de calibre 23 mm e até roquetes para treinamento e combate.
Por outro lado, a FAN tem sido reforçada com novos pilotos angolanos do ramo da aviação ligeira, formados pela Escola Militar Aeronáutica do Lobito, na província centro-costeira de Benguela.
Marinha de Guerra
O mar de Angola é rico em petróleo e outros recursos naturais, obrigando a maiores responsabilidades na segurança das instalações, no mar e em terra, contra actos de sabotagem.
Por esta razão e no quadro do processo de reedificação, a Marinha de Guerra Angolana (MGA) está a ser equipada com novas unidades navais (navios) de diferentes categorias, com capacidade para combater a pirataria e o terrorismo internacional nas águas territoriais e na costa marítima nacional.
Nesta perspectiva, a província do Zaire ganhou, em Julho de 2023, uma nova Base Naval dotada das mais modernas condições operacionais, com o objectivo de contribuir no reforço da segurança do Golfo da Guiné, uma importante rota marítima para o comércio internacional.
Por conseguinte, a província de Luanda conta, desde Janeiro deste ano, com um Centro Nacional de Coordenação de Vigilância Marítima, que vai garantir a protecção e exploração dos recursos marítimos e a segurança das comunicações.
Ainda neste quadro, foi encomendada a construção de três modernas corvetas e embarcações de apoio, assim como do Reino de Espanha foram adquiridos dois aviões C-295 da Airbus, equipados para missões de reconhecimento e vigilância marítima.
Com este programa de reestruturação e modernização das FAA, o Executivo pretende atingir, até 2028, o grau de excelência no domínio militar, para corresponder aos novos desafios impostos pela nova ordem económica mundial. ART/ADR