Dallas (Dos enviados especiais) - A mesa redonda sobre o tema "Desbloquear recursos financeiros para proporcionar melhores resultados de saúde em África" marcou, esta quinta-feira, o último dia de trabalhos da 16ª Cimeira Empresarial EUA-África, realizada em Dallas (Texas).
Durante o painel, os participantes enfatizaram, entre outras questões, os desafios persistentes no financiamento dos cuidados de saúde no mundo, em particular em África, apesar dos progressos obtidos depois da Covid-19.
As discussões destacaram, igualmente, a necessidade de se adoptar modelos de financiamento inovadores para o sector da Saúde, com vista a optimizar os recursos disponíveis e expandir o acesso dos pacientes aos tratamentos.
Os painelistas dessa mesa redonda convocaram, por outro lado, líderes de alto nível para, juntos, explorarem as grandes oportunidades de parceria e estratégias sustentáveis.
Ainda na quinta-feira, decorreu um diálogo sobre o Empoderamento Económico das Mulheres, animado pela Secretária-Geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonjo-Iweala, e pela Secretária de Comércio, Escritório do Departamento de Comércio dos EUA, Gina M. Raimondo.
As participantes desse painel de debates transmitiram ideias sobre como este fenómeno do Empoderamento pode ajudar a catalisar o comércio, investimento e negócios africanos.
De igual modo, a Prosper Africa aprofundou-se no recém lançado projecto “Africa Trade Desk” e destacou como trabalha com os seus parceiros para alavancar a inovação, tecnologia e colaboração, transformando o comércio entre os povos dos EUA e do continente africano.
Principais negócios assinados
A Cimeira Empresarial EUA-África, que contou com a participação do Presidente de Angola, João Lourenço, permiu a concretização de vários acordos, que vão ajudar a impulsionar o desenvolvimento de África.
A presidente do Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos (EXIM), Reta Jo Lewis, finalizou três transacções históricas para projectos em Angola ao lado do Presidente João Lourenço, da ministra das Finanças Vera Daves e de representantes do governo dos EUA.
As três transações promovem a iniciativa Parceria para Infraestrutura Global (PGI) da Administração Biden-Harris, um esforço colaborativo das agências governamentais dos EUA para apoiar projectos de infra-estrutura sustentáveis, limpos, resilientes e inclusivos em todo o mundo.
Essas transações também apoiam o mandato do EXIM para "apadrinhar" projectos de energias renováveis.
A primeira transacção assinada foi um empréstimo directo de mais de 900 milhões de dólares para apoiar a construção de duas centrais de energia solar em Angola.
Segundo os organizadores do evento, trata-se do maior projecto de energia renovável e da maior transação na África Subsaariana, ao longo dos 90 anos de história do EXIM.
A transação, que envolve a empresa Sun Africa (um membro da CCA), a ING Capital e a empresa angolana Omatapalo, irá gerar mais de 500 megawatts de energia renovável, estimando-se que apoie 1.600 empregos nos EUA.
A segunda transacção consistiu numa garantia de empréstimo de 363 milhões de dólares para apoiar a exportação de pontes modulares de aço pré-fabricadas e equipamentos relacionados da empresa Acrow Bridge Corporation para construir infra-estruturas em Angola.
A transação, que envolve a Africa Finance Corporation e a Acrow Bridge (que são membros da CCA), juntamente com o Standard Chartered, deverá apoiar 600 empregos norte-americanos em 18 estados deste país.
O projecto, de 450 milhões de dólares, investindo em infra-estrutura de transporte moderna através da engenharia, aquisição e construção de 186 pontes em toda Angola, envolve financiamento e apoio da EXIM, da Private Export Funding Corporation e do Standard Chartered Bank.
O empréstimo comercial da AFC para uma parte do projecto é um exemplo do consórcio do Corredor do Lobito que se associa além dos caminhos-de-ferro para apoiar a conectividade de transporte rural que servirá para ligar comunidades entre si e ao corredor regional maior.
A terceira transação, relacionada com a expansão do sinal em FM da Rádio Nacional de Angola e a modernização de estúdios, apoiado pela tecnologia da GatesAir baseada em Ohio, envolve 40 milhões para expandir a cobertura analógica de rádio FM para 95% da população angolana.
Este acordo chave fornecerá 168 transmissores Flexiva FM, instalação de antenas, torres, sistemas auxiliares de RF e actualizações de estúdios em todo o país, numa colaboração bem-sucedida entre a GatesAir, o Deutsche Bank, garantido pela EXIM, e a República de Angola.
O Conselho Empresarial Corporativo reúne parceiros de todo o mundo para promover o crescimento e as imperativas económicas partilhadas pelos Estados Unidos e por África, incluindo o desenvolvimento do Corredor Lobito da PGI.
Entretanto, as fazendas Agbeyewa, uma subsidiária da Cavista Holdings, e o Governo do Estado de Ekiti, Nigéria, assinam em Dallas um memorando de entendimento multibilionário de nairas, para impulsionar o cultivo de mandioca.
A iniciativa visa cultivar mandioca em grande escala no estado, com uma meta inicial de 100.000 hectares, através de um programa de produtores externos.
Ainda na cimeira, que reuniu desde terça-feira mais de mil e 500 convidados, a DFC aprovou um empréstimo de até 292 milhões de dólares ao Projecto de Geração de Energia da Área Ocidental, sediado em Freetown, Serra Leoa.
O acordo visa ajudar a desenvolver e actualizar a infra-estrutura da central eléctrica, promovendo o acesso fiável à energia em toda a extensão do país.
Segundo dados da organização, o evento reuniu mais de mil e 500 líderes empresariais e governamentais, incluindo cinco chefes de governo africanos e mais de 16 delegações.
Mais de 15 funcionários do Governo dos EUA participaram dos painéis, fóruns e diálogos de alto nível, enriquecendo o diálogo e promovendo laços entre as nações.
Angola pode acolher próxima Cimeira
A Cimeira de Dallas terminou sem a confirmação do próximo país acolhedor do evento, mas segundo a organização, Angola apresentou a sua candidatura para o efeito.
De acordo com um grupo de membros do Conselho Corporativo de África, o desejo foi manifestado pelo Presidente João Lourenço, que deixou a cidade de Dallas na última quarta-feira.
Citada pela Televisão Pública de Angola, a CEO do Conselho Corporativo de África, Florizelle Lizser, disse que João Lourenço deixou clara a vontade de organizar a Cimeira.
Por sua vez, o presidente do Conselho Corporativo de África, John Olajide, disse que o Presidente da República expressou o seu interesse, apoiado pelos membros da direcção. Elj/ART