Luanda - Um busto do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, foi instalado, esta terça-feira (27), num dos jardins da cidade capital da Itália, Roma.
O busto de Neto é também uma homenagem a todos os italianos que contribuíram na luta contra o colonialismo no continente africano.
A cerimónia de descerramento do busto teve como figura central a escritora Maria Eugenia Neto, presidente da Fundação Agostinho Neto (FAN) e viúva do pai da nação angolana, falecido em 1979, em Moscovo.
No lugar escolhido para a fixação de estátua de Neto, nas proximidades da Basílica Papal de São Paulo Fora dos Muros (assim chamada por ter sido construída fora dos muros da antiga Roma), foi assassinado o jovem italiano Piero Bruno, em 1975, quando se manifestava a favor da independência de Angola.
Na ocasião, Maria Eugénia Neto disse que para o Presidente Neto “as relações com a Itália tinham uma importância particular, tanto na aproximação política como cultural”, lembrando que foi neste país onde foi publicado o seu segundo livro de poesia com título “Com Occhi Asciutti” (com os olhos secos), em 1963, em Milão, pela ainda existente Editora Mondadori, actualmente entre as maiores da Itália.
De acordo com a presidente da FAN, “a Itália foi um dos países europeus onde os movimentos africanos de libertação encontraram afinidades humanas e a solidariedade de pessoas de todos os extractos sociais e políticos”, o que aprofundou a amizade com esta nação.
A viúva de Agostinho Neto observou, por outro lado, que no ano de 1970, no período de 27 de Junho a 1 de Julho, Roma acolheu a Conferência de Solidariedade com os Povos das Colónias Portuguesas, que culminou a recepção do Papa Paulo VI aos líderes dos três movimentos de libertação de Angola, Cabo Verde e Guiné Bissau e Moçambique, nomeadamente Agostinho Neto, Amílcar Cabral e Marcelino dos Santos, acto deu um maior impulso diplomático e apoio internacional aos movimentos de libertação.
Por sua vez, o ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, que representou o Governo angolano no acto, disse que a cidade de Roma, no início da década de 70, manifestou o seu total apoio aos “justos direitos à dignidade e à autodeterminação dos povos africanos”.
Fazendo um percurso histórico de Neto, o governante manifestou, ao concluir o seu discurso, a sua “profunda satisfação por poder assistir a esta importante e significativa cerimónia, que, sem dúvida alguma, irá reforçar a amizade e cooperação entre os nossos dois países e povos”.
Na abertura no acto, a embaixadora de Angola na Itália, Maria de Fátima Jardim, agradeceu as autoridades italianas pela concretização deste momento depois de longas negociações que envolveram a comuna de Roma, a Universidade de Estudos Internacionais (UNINT) de Roma e outras instituições.
O presidente do VIII município de Roma, Amadeo Ciaccheri, e o assessor cultural do Governo municipal de Roma, Andrea Catarci, foram unânimes ao considerar que este acto reforça a já sólida amizade e irmandade entre os italianos e angolanos.
A cerimónia contou com a presença dos embaixadores de Cabo Verde e Moçambique, bem como representantes da embaixada de Portugal, do ministério dos Negócios Estrangeiros da Itália, das Universidade Roma Tre, UNINT, diplomatas, comunidade angolana em Roma e italianos amigos de Angola. FMA/SC