Luanda - A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, destacou, esta quinta-feira, o contínuo empenho do Executivo na melhoria da capacitação de mulheres e jovens no quadro do programa de empoderamento e aprendizagem para todos, PAT II.
Esperança da Costa proferiu estas declarações na abertura da conferência sobre mineração, petróleo e do gás "Women In Mining Oil & Gas”, que decorre sob o lema: Construindo o futuro-rumo à próxima geração de mulheres líderes na indústria de mineração, petróleo e gás em Angola.
Por esta razão, apontou o programa de educação de adultos, que confere novas oportunidades para a juventude, e a melhoria do ecossistema de ciência, inovação e empreendedorismo como formas mais adequada à oferta formativa e alinhadas às perspectivas de desenvolvimento do país.
Ao longo da sua intervenção, disse ser preocupante o facto de o número de mulheres que se licenciam em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM) ter diminuído nos últimos anos, tendo esclarecido que os empregos nestas áreas foram identificados como um importante factor de inovação e crescimento.
No entanto, Esperança da Costa frisou que o Executivo aumentou o número de bolsas com uma percentagem elevada para as mulheres, motivando assim a participação feminina nestes cursos.
Com isso, referiu-se à necessidade do esforço de todos visando o surgimento de mais mulheres empreendedoras neste sector, sendo que o Executivo angolano assumiu a responsabilidade de transformar as mentalidades e atitudes no tratamento das questões da igualdade do género.
Por este facto, a Vice-Presidente lançou um repto a todas as empresas nacionais e internacionais para proporcionarem programas que induzam o aumento significativo de mulheres formadas nas áreas do STEM para uma maior contribuição ao desenvolvimento do sector.
Para a governante, o sector do petróleo e gás desempenha um papel crucial no crescimento económico do país, sendo essencial maximizar o aproveitamento dos recursos já identificados, assim como garantir que a legislação e os acordos contratuais que incentivam a exploração de novos recursos sejam concretizados, de modo a impulsionar a criação de negócios e de novos investimentos.
Esperança da Costa frisou que o mundo está em transformação, evidenciando-se situações preocupantes para a segurança mundial, como a guerra na Europa, no Médio Oriente, a proliferação de conflitos em África e em outras latitudes, o que desperta mais a consciência sobre a importância indeclinável do sector da mineração, petróleo e do gás.
“Apesar de adoptarmos formas de economia circular, o mundo não vive actualmente sem os recursos extraídos por esta indústria que tem o desafio de, por um lado, desenvolver a actividade produtiva de forma a satisfazer as necessidades dos mercados, e, por outro, procurar fazê-lo de forma racional à luz das preocupações ambientais globais”, sublinhou.
Neste contexto, destacou o papel da mulher realçado na concretização dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas questões de igualdade do género, bem como na contribuição para o alcance dos demais objectivos como fome zero e agricultura sustentável.
O potencial africano no sector mineiro
A vice-presidente da República disse que África é detentora de consideráveis recursos de petróleo e gás, mas no que diz respeito à participação da mulher os desafios são demonstrativamente enormes, pois os conflitos armados e as situações de instabilidades políticas e sociais afectam profundamente o género, as crianças e o universo das famílias.
Dados sobre o desenvolvimento humano, igualdade de género e a capacitação das mulheres em África revelam que, apesar de 61% das mulheres africanas encontrarem-se a trabalhar, enfrentam ainda a exclusão económica, trabalhos subvalorizados, baixos salários, além de se concentrarem principalmente no sector informal.
Por outro lado, acrescentou que é uma constatação de que a saúde das mulheres tem sido gravemente afectada por práticas nocivas, como o casamento em idade menor, gravidez precoce, violência sexual e física e ainda pela elevada mortalidade materna.
Face a estas constatações, referiu que alcançar a igualdade de género e a capacitação das mulheres é uma tarefa urgente e de todos.
Esperança da Costa afirmou que o Executivo continua engajado na promoção da mulher e no combate a todas as formas de segregação, exortando à participação de todos, como o sector privado, às agências nacionais, parceiros de desenvolvimento bem como a sociedade civil.
Por este facto, defendeu a necessidade dos países africanos estabeleçam uma maior cooperação entre si para implementação de políticas centradas nas questões do género, a fim de partilhar ferramentas, estratégias e experiências entre sectores.
“A realidade demonstra que países que investem mais na igualdade de género e na capacitação dos jovens e das mulheres apresentam um melhor desempenho no desenvolvimento humano”, argumentou.
“Concomitantemente, para garantir o crescimento inclusivo de Angola e de África é necessário que mais de metade da sua população, as raparigas, as mulheres e jovens desempenhem funções transformativas”, concluiu. FMA/SC