Luanda- A passagem à reforma de Raúl Castro, que acaba de deixar a chefia do Partido Comunista Cubano (PCC), faz parte de um processo normal de transferência da liderança do partido.
Em entrevista exclusiva à ANGOP, à propósito do VIII (oitavo) congresso do PCC (16 a 19 de Abril), a embaixadora de Cuba em Angola, Esther Gloria Armenteros Cárdenas, considerou que a defesa dos princípios da Revolução e do Socialismo está garantida pela geração em que se insere o seu substituto, Miguel Diaz-Canel Bermudez, e demais quadros.
Armenteros referiu ser este “um momento importante e histórico” para o seu país e concidadãos, “pois marca a transferência da liderança do partido da geração histórica para as novas gerações nascidas e formadas pela Revolução”.
A embaixadora cubana negou que essa transição possa significar uma ruptura com o passado. “Pelo contrário, devemos falar de unidade e continuidade. Hoje, a nossa Revolução Socialista continua mais viva, activa e firme, apesar das tentativas dos nossos inimigos de esmagá-la”, sublinhou.
Esther Armenteros confirmou os malefícios que o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América ao seu país provocam na sociedade cubana. Explicou que “mais de 240 medidas coercitivas unilaterais foram aplicadas pelos Estados Unidos contra Cuba, o que reforçou cruelmente o bloqueio económico, comercial e financeiro, mesmo de forma oportunista durante a pandemia”.
Acrescentou que “todas essas medidas ainda estão em vigor hoje e ameaçam a sobrevivência do nosso povo". Por isso, sublinhou, “não é uma falácia. O bloqueio existe, é real”.
Ainda assim, Esther Armenteros sublinhou que a aspiração do seu país é poder “viver em paz e relacionarmo-nos com o nosso vizinho do norte, como fazemos com a comunidade internacional, com base na igualdade e no respeito mútuo, sem ingerências de qualquer tipo. Essa é a posição do Partido e do Estado e é a vontade do nosso povo”.
A representante do Estado cubano em Angola enalteceu a visão do malogrado comandante Fidel Castro que, ao promover o desenvolvimento da biotecnologia, criou as condições para que Cuba seja hoje capaz de apresentar cinco propostas de vacina contra a Covid-19 e produzir diversos medicamentos. “Desta forma Cuba emerge salvando-se e contribuindo para salvar outros da pior pandemia do século”, disse.
A diplomata cubana, acreditada em Angola desde Fevereiro de 2018, notou que Cuba, “um pequeno país sem recursos, sitiado e cruelmente bloqueado, conseguiu indicadores que mostram um melhor desempenho do que muitos países do mundo e da região” em que está inserido.
Sobre as relações de cooperação entre Angola e Cuba, referiu que, “como dois povos irmãos unidos por laços de sangue e pela história, as relações dos nossos dois países podem ser descritas como excelentes e continuam a fortalecer-se a cada dia”.
Referiu que existem hoje cerca de dois mil colaboradores cubanos em Angola, a exercerem funções em diversas áreas de interesse económico e social, com ênfase para os sectores da saúde, nomeadamente na luta contra a Covid-19, e da educação.
Como exemplo do nível de excelência das relações bilaterais apontou a visita do Presidente João Lourenço a Cuba, em Julho de 2019, em que foram assinados acordos em diferentes sectores, “tendo ainda espaço para continuar a desenvolver as nossas relações económico-comerciais, em benefício das nossas duas nações”.