Luanda – A representante permanente de Angola junto das Nações Unidas e outras Organizações em Genebra, Margarida Izata, advogou o relançamento comercial com a Nigéria, nos próximos anos, pelo facto de as trocas serem modestas, desiguais e muito irregulares.
A diplomata manifestou esta posição durante a sessão do órgão de Revisão da Política Comercial (TPR sigla em inglês) dedicada à sexta revisão da política e das práticas comerciais da Nigéria, que decorre na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, entre 13 e 15 de Novembro.
Segundo a diplomata, apesar de serem membros activos da União Africana (UA), da nova Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) e da OMC, “Nigéria e Angola têm trocas comerciais modestas, desiguais e muito irregulares”.
No que diz respeito aos últimos dados consolidados sobre o comércio, divulgados pelo COMTRADE, uma ONG das Nações Unidas, para 2023, as exportações da Nigéria para Angola atingiram 5,39 milhões de dólares, dominadas pelas vendas de sementes oleaginosas, grãos diversos, sementes e frutos (68%), artigos de ferro e aço (11%), maquinaria industrial (7,8%), equipamento eléctrico e electrónico (3,7%)”, declarou, e na direcção inversa, as importações totais da Nigéria provenientes de Angola, no ano passado, atingiram apenas um valor estimado de 749 mil dólares.
A Representante Permanente de Angola aclarou que as relações comerciais entre a Nigéria e Angola exigem um melhor desenvolvimento, nos próximos anos, em que as agro-indústrias, o equipamento electrónico, os serviços digitais e as infra-estruturas devem ser acompanhados por maior cooperação e investimentos.
A diplomata reconheceu os esforços do governo nigeriano para diversificar as fontes de receitas não-petrolíferas, principalmente através de impostos e taxas.
No entanto, disse que as receitas continuam a ser insuficientes para satisfazer as crescentes necessidades orçamentais, consequentemente, o perfil da dívida da Nigéria tem tido uma trajectória ascendente, uma realidade trágica, também enfrentada por outros países africanos e países em desenvolvimento, incapazes de cumprir com as suas obrigações financeiras nos sectores sociais, em particular a Saúde e Educação.
Por outro lado, Angola louvou o compromisso da Nigéria para com os princípios do Sistema Comercial Multilateral, tal como incorporados na OMC, particularmente no que diz respeito à prossecução dos objectivos da Agenda de Desenvolvimento de Doha para alcançar um sistema comercial justo, equitativo e transparente, que proporcione oportunidades e benefícios comerciais para todos os intervenientes, e que responda fielmente às aspirações adiadas dos países em vias de desenvolvimento, especialmente os PMA.
Reiterou ainda o total apoio à Nigéria e felicitou o país pelo sucesso alcançado nesta sexta Revisão da Política Comercial.
“A Nigéria pode sempre contar com a amizade sincera de Angola, a sua solidariedade e a vontade de trabalhar em conjunto para o estabelecimento de relações comerciais muito mais dinâmicas, inclusivas e justas”, destacou. SC