Benguela – O embaixador de Angola nos Estados Unidos, Agostinho Van-Dúnem, destacou a promoção de investimento norte-americano no Corredor do Lobito, com reflexos em sectores-chave como ganhos da parceria estratégica entre os dois países.
O Presidente norte-americano, Joe Biden, terminou na quarta-feira, 4, na província de Benguela, uma visita de Estado de três dias a Angola, com destaque para a Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, onde também estiveram presentes os chefes de Estado de Angola, RDC, Zâmbia e Tanzânia.
Na ocasião, Joe Biden anunciou um aumento adicional ao investimento dos Estados Unidos para o Corredor do Lobito, de 600 milhões de dólares.
É nesse contexto que o embaixador Agostinho Van-Dúnem sublinhou que, além da linha do corredor ferroviário (1.344 km), esse investimento também visa impulsionar a agricultura e o agro-negócio.
Com financiamento assegurado para aumentar a capacidade de produção agrícola ao longo do Corredor do Lobito, que compreende as províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, o diplomata prevê a criação de mais empregos e maior segurança alimentar para a população.
Para o diplomata, Angola tem condições de contribuir para a segurança alimentar da região, mas priorizando primeiro a satisfação das necessidades internas, por via do aumento da produção para o combate à fome.
Descrevendo a visita do Presidente dos EUA a Angola como histórica, Agostinho Van-Dúnem refere, ainda, que as relações entre ambos os países têm vindo a "melhorar bastante".
Por essa razão, assevera que Angola hoje é um país com uma parceria estratégica com os Estados Unidos em diferentes domínios, especialmente nas infra-estruturas, defesa e segurança, energias renováveis, incluindo o ensino.
“Angola é hoje um país com quem os EUA conta para as parcerias nesses domínios (…). E temos tido uma interação relevante com as autoridades americanas”, sinalizou o embaixador, para quem a recém-terminada visita de Joe Biden é, também, resultado do investimento norte-americano nestas áreas de cooperação.
Olhos no futuro
Com foco no futuro, o embaixador diz que Angola vai procurar, nos próximos anos, consolidar essa cooperação em outras áreas, como a educação, saúde, assistência técnica para a luta contra a corrupção e a melhoria do ambiente de negócios no país.
Agostinho Van-Dúnem põe “acento tónico” na necessidade da melhoria do ambiente de negócios no país, para que possa mobilizar mais investimentos que se reflictam na diversificação económica.
Embora as atenções estejam viradas para o Corredor do Lobito, um dos grandes projectos em curso, Agostinho Van-Dúnem evoca, de igual modo, que há financiamento americano na agricultura e nas energias renováveis.
O desafio agora é, segundo o embaixador, reforçar os investimentos, por exemplo, na área de captação e distribuição de água, e nas infra-estruturas rodoviárias, para facilitar a mobilidade de pessoas, bens e serviços, visando promover o desenvolvimento nacional.
Nova Administração
Questionado sobre a mudança na presidência norte-americana, fruto das últimas eleições ganhas por Donald Trump, o embaixador avança que a expectativa das autoridades angolanas é de continuar a trabalhar com a nova Administração Americana.
“Porque temos relações de Estado e as matérias em que estamos a trabalhar são de interesse mútuo, principalmente no domínio da segurança alimentar”, explicitou, notando que muitos dos temas que têm dominado a cooperação bilateral, na verdade, tiveram início na Administração Trump.
A expectativa de Angola é de continuar a trabalhar ao mais alto nível, de maneira a reforçar cada vez mais as relações entre os dois países e povos, asseverou.
Sobre o regresso dos dólares ao país, referiu-se às negociações com o Departamento do Tesouro norte- americano, para que esse assunto seja resolvido o "mais brevemente possível".
Contudo, nota que o país deve cumprir com a legislação já aprovada para esse efeito, de modo a tornar o sistema financeiro mais seguro e robusto.
“Mas é bom que se diga que a questão dos dólares também tem a ver com a produção nacional”, observou.
E acrescenta: “Quanto mais produzirmos, mas poderemos exportar para poder adquirir divisas”. CRB