Benguela – O embaixador de Cabo Verde em Angola, Júlio Morais, manifesta-se satisfeito com a boa integração da comunidade cabo-verdiana na província de Benguela e no país, em geral, graças ao acolhimento demonstrado pelas autoridades angolanas.
O diplomata está, pela segunda vez, na província de Benguela, para celebrar os 49 anos da Independência Nacional de Cabo Verde, assinalados a 5 de Julho, com a comunidade cabo-verdiana.
Em declarações à imprensa, o embaixador, que completa um ano no cargo no próximo dia 19, salienta que a comunidade cabo-verdiana em Angola – composta por mais de 30 mil cidadãos - é bastante antiga, estando já na quarta geração.
“Só para dar um exemplo bem ilustrativo da presença cabo-verdiana em Angola: o primeiro assento de nascimento, no caso, de uma filha de cabo-verdiano data de 1899, em Benguela”, adianta.
Fez questão de lembrar que a comunidade cabo-verdiana residente em Benguela é a mais antiga em Angola, pois, foi o primeiro lugar onde os cabo-verdianos começaram a concentrar-se no tempo colonial.
“Inclusive o héroi nacional, Amílcar Cabral, passou por cá, desenhou e elaborou o plano de irrigação de toda a bacia hidrográfrica da Catumbela, sobretudo para plantação de cana-de-açúcar”, notou.
O diplomata enalteceu o facto de a comunidade cabo-verdiana estar muito bem integrada, acrescentando que, por vezes, até a Embaixada e os Serviços Consulares encontram dificuldades para distinguir o cabo-verdiano do angolano.
Para Júlio Morais, mais importante do que ter nascido em Angola e ter raízes cabo-verdianas, é ser um agente de desenvolvimento para os dois países e povos irmãos.
“É um prazer constatar que a comunidade cabo-verdiana em Angola não tem problemas de maior em termos de integração”, reforçou.
É neste quadro que garantiu que a Embaixada de Cabo Verde em Angola tem estado a multiplicar iniciativas e medidas, para uma melhor integração das comunidades espalhadas pelo país.
Adesão à nacionalidade
Sobre a campanha extraordinária de atribuição de nacionalidade até à segunda geração de cabo-verdianos, aberta desde 2023, o embaixador referiu serem positivos os resultados, dada a afluência de milhares de novos candidatos.
Júlio Morais anunciou que a boa notícia do processo é a extensão, há duas semanas, da Lei de atribuição da nacionalidade da segunda até à terceira geração de cabo-verdianos, o que vai gerar um fluxo maior aos serviços.
Daí que tenha revelado estar a pensar em pedir reforço, incluindo no posto consular de Cabo Verde em Benguela, porque, como reconhece o diplomata, o pessoal é muito pouco ainda.
Dificuldades
Entre as dificuldades por que a comunidade passa está a regularização documental para a obtenção de nacionalidade, como o assento de nascimento - ou do pai ou do avô -, visto serem descendentes de cabo-verdianos.
Para ultrapassar essas dificuldades, precisou que a Embaixada tem recorrido aos arquivos históricos cabo-verdianos, incluindo as igrejas, para localizar todo o registo de nascimento feito à mão, naquele tempo, e que elege o candidato à cidadania cabo-verdiana.
Apesar de moroso, o embaixador sublinha que tem sido possível encontrar os dados dos requerentes de nacionalidade, embora, por vezes, implique o engajamento das próprias famílias em Cabo Verde.
Por outro lado, agradeceu às autoridades angolanas pela abertura e fraternidade no acolhimento dado à comunidade cabo-verdiana em Benguela e em todo o país.
Neste sábado, o embaixador de Cabo Verde vai assinalar a data da independência do seu país com a comunidade cabo-verdiana em Benguela, com um jantar, onde haverá música típica do arquipélago, como morna, coladeira e funaná. JH/CRB