Benguela – O embaixador de Cabo Verde em Angola, Júlio César Freire de Morais, manifestou este sábado, em Benguela, o interesse do seu país retomar os voos directos entre as cidades da Praia e Luanda, suspensos desde 2017 devido à falta de rentabilidade.
Falando à margem de um encontro com a comunidade cabo-verdiana na província de Benguela, o embaixador Júlio Morais defendeu, em entrevista à ANGOP, ser prioritário o restabelecimento da ligação aérea directa entre Angola e Cabo Verde, com vista a dinamizar as relações comerciais.
O diplomata recordou que os voos directos entre as cidades da Praia e Luanda foram interrompidos pela companhia aérea angolana TAAG desde Novembro de 2017, mas garante que as duas partes estão a trabalhar para o relançamento desta parceria.
Segundo o responsável, neste momento, a TVC, companhia nacional de Cabo Verde, está a alugar alguns aviões da TAAG, no âmbito da dinamização das relações entre os dois países.
Recordou que as duas companhias de bandeira até já assinaram um acordo para esse efeito (ligação directa) aquando da reunião da Comissão Mista, que decorreu em Cabo Verde, em Março de 2022.
É neste quadro que o embaixador Júlio Morais afirma que se está a trabalhar para a retoma dos voos para Cabo Verde, de tal maneira que os empresários comecem a aproveitar as oportunidades na área dos transportes aéreos, marítimos, turismo e agronegócio.
“Estamos a quebrar pedras para que, depois, as operadoras, as empresas e os homens de negócios comecem a aproveitar-se destas oportunidades que estamos a criar”, assegurou o diplomata.
Benguela terá consulado honorário
Além disso, também anunciou a elevação do posto consular de Cabo Verde na província de Benguela para consulado honorário, com um cônsul residente.
“Ainda não podemos divulgar quem é”, frisou, admitindo que estão a ser criadas as condições para melhor proteger e tratar a comunidade cabo-verdiana em Angola, e em particular na província de Benguela.
Embaixador de carreira, Júlio Morais considera, por outro lado, Cabo Verde e Angola países irmãos, pois estão ligados por laços de longa data, ainda antes das suas independências do então regime colonial português.
A propósito, lembrou que Benguela foi o primeiro local onde se fixaram as primeiras comunidades cabo-verdianas emigradas para Angola, em meados do século passado, depois da crise de fome de 1947 e 1948 no arquipélago.
Estes cabo-verdianos, disse, vieram trabalhar em regime de contratados para as açucareiras, sobretudo, em Benguela, Caxito, Bom Jesus, Algodoeira, Cabinda e nas plantações de sisal.
Campanha de atribuição de nacionalidade
O embaixador de Cabo Verde fez saber que, actualmente, estão registados cerca de 30 mil cabo-verdianos em Angola, pelo que está em curso uma campanha para atribuição de nacionalidade para descendentes de primeira e de segunda geração.
E reconhece que o processo está a ter uma afluência enorme, sobretudo, no posto consular em Benguela.
“Nós estamos a apontar quase duas centenas de milhares de cabo-verdianos de segunda geração”, frisou, mostrando-se satisfeito com a forma como foi recebido pela comunidade do seu país em Benguela, para a troca de impressões.
Depois de Luanda, Benguela é a segunda província angolana com maior concentração caboverdiana. JH/CRB