Luanda - Aberto oficialmente às 07h00 desta quarta-feira e encerrado nove horas depois, o processo eleitoral decorreu em todo o país com a normalidade que se impunha, marcado por um facto inédito, o cumprimento do dever cívico por parte de cidadãos nacionais residentes na diáspora.
Trata-se de 22 mil 560 angolanos que vivem no exterior distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América do Sul, de um total de 14 milhões 399 mil eleitores em todo o país.
O movimento foi frenético em direcção às mesas de assembleias de voto espalhadas pelas 18 províncias de Angola, num processo fácil e rápido, mercê de uma organização que se mostrou eficaz, segundo várias opiniões concordantes dos eleitores e observadores eleitorais.
Como previsto, Luanda, a capital do país, foi palco de voto dos cabeça-de-lista dos partidos concorrentes, todos apelando, de certa forma, ao voto consciente e ao comportamento exemplar, com o presidente do MPLA a tomar a dianteira.
João Lourenço exerceu o seu dever cívico às 08h03 minutos, na urna da mesa número 05 da assembleia 105, no Distrito Urbano da Ingombota.
Na ocasião, afirmou à imprensa ter acabado de exercer o seu direito de voto, rápido e simples e aconselhou a todos os cidadãos eleitores a fazerem o mesmo, tendo como meta a vitória da democracia.
O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, votou na assembleia 805, Distrito Urbano do Nova Vida, município do Kilamba Kiaxi.
O candidato a Presidente da República depositou o seu voto na urna colocada na mesa 1 às 08h26 minutos.
Após o acto, reiterou o apelo para que os angolanos se dirijam às assembleias de voto de forma ordeira e participativa, manifestando-se satisfeito por exercer o seu direito de cidadania.
Benedito Daniel, líder do PRS, fez o mesmo, mas na assembleia 1.377, na Cidade Universitária, município de Talatona, depositando o seu voto na urna da mesa 1, por volta das 09h00.
No seu pronunciamento, após depositar o seu voto, na assembleia nº 1377, no município de Talatona, afirmou ser o momento de festa e que ninguém deve abster-se, beneficiando do direito de manifestar a sua preferência política.
Seguiram-se, não necessariamente nesta ordem, outros pretendentes à Presidência da República.
Por exemplo, o candidato pela CASA-CE, Manuel Fernandes, votou na assembleia número 974 mesa 2, instalada no bairro Militar, município de Talatona.
Na ocasião, afirmou estarem os angolanos a decidir, por via do voto, pela estabilidade e por um futuro de paz para o país.
O presidente da FNLA, Nimi a Simbi, depositou o seu voto na urna montada na mesa 03 da assembleia 1.371, localizada no município de Viana, por volta das 09h45.
O líder partidário espera aumentar o número de deputados, contrariamente a edição de 2017, em que o partido obteve apenas um deputado.
A candidata Florbela Malaquias, única mulher a concorrer ao cargo de Presidente da República, votou na mesa 3 da assembleia número 13, no distrito urbano da Ingombota. A cabeça-de-lista do PHA exerceu o seu direito às 10h20.
Pronunciando-se após a votação, na escola Ngola Nzinga, Florbela Malaquias referiu estar com sensação de realização pessoal e colectiva.
O cabeça-de-lista da APN, Quintino Moreira, exerceu o direito de voto na mesa 3 da assembleia 1.160, localizada no município de Talatona.
O político é, entre os cabeça-de-lista de todos os partidos concorrentes, o recordista na corrida ao cargo de Presidente da República, sendo a sua terceira tentativa.
O candidato do P-NJANGO, Eduardo Chingunji, estreante na corrida ao cargo, votou na mesa 2 da assembleia 916, localizada na urbanização Nova Vida, município do Kilamba Kiaxi.
No cômputo geral, as quintas eleições gerais em Angola, depois das realizadas em 1992, 2008, 2012 e 2017, decorreram com o "civismo recomendado" de Cabinda ao Cunene, de acordo com a Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
Esta edição conta com mais um elemento ímpar, depois da habitual votação das pessoas com deficiência visual total.
Os povos Koisan na localidade de Duime, município do Cuvelai, e a comunidade nómada Vátua, ambas na província do Cunene, votaram pela primeira vez, de acordo com o coordenador da tribo, Alfredo Nguesseia.
Referiu que o trabalho de mobilização foi extensivo a outras etnias como Mushimbas, Mwakahona, Herero e Dimbas, para em conjunto elegerem o Presidente da República, o Vice-presidente e os 220 deputados à Assembleia Nacional.
As entidades eclesiásticas tiveram importante participação na comunicação para um exercício pacífico com a realização de missas em todo território nacional.
Hoje, na província do Huambo, o arcebispo emérito Dom Francisco Viti apelou a união dos partidos concorrentes, para a preservação da paz, durante a divulgação dos resultados das quintas eleições.
O religioso, de 89 anos de idade, que falava à ANGOP, disse ter-se deslocado à assembleia de voto para transmitir o seu exemplo aos jovens e, ao mesmo tempo, apelar ao espírito patriótico, para aceitação dos resultados e consolidação da “grande festa da democracia”.