Benguela – Dezenas de delegados de lista, na província de Benguela, exigem do Partido de Renovação Social (PRS) o pagamento de 25 mil kwanzas pelo trabalho prestado nas eleições gerais de 24 de Agosto.
Alegando dificuldades financeiras, a direcção do PRS está a atribuir cinco mil kwanzas, mas os delegados de lista em vários municípios, como Baía Farta, Catumbela e Chongoroi, discordam dos valores e até ameaçam vandalizar as instalações do partido.
Em entrevista à ANGOP, Martinha Ngando, 22 anos, delegada de lista no município de Benguela, critica a postura da formação política, já que, a seu ver, cinco mil kwanzas não valorizam o trabalho árduo dos cidadãos que fiscalizaram a votação junto das mesas e assembleias de voto.
Segundo a jovem, o PRS devia pagar pelo menos 25 mil kwanzas, pois os delegados de lista tiveram que suportar, sozinhos, as despesas com alimentação e transporte durante as eleições.
Constantino Kaita Ndumbo, 28 anos, pensa que a conduta do PRS é negativa e pede mais responsabilidade diante do compromisso assumido com os delegados de lista.
Já Avelino Valela, de 25 anos, relata as dificuldades que passou no município do Chongoroi, acrescentando que os cinco mil kwanzas que o PRS quer atribuir aos delegados são insuficientes.
Elias Luacute, 23 anos, mostra-se impaciente com o atraso no pagamento e ameaça que os delegados de lista podem vandalizar as instalações do PRS, caso este não cumpra com as promessas feitas.
Zacarias Sangueve exorta o PRS a seguir o exemplo dos partidos MPLA, UNITA, P-NJANGO, CASA-CE, que pagaram 25 mil kwanzas aos delegados de lista na província de Benguela.
Relativamente ao assunto, o porta-voz do PRS em Benguela, Vitorino Fuama, admite que a atribuição de cinco mil kwanzas decorre de uma orientação da direcção do partido.
“Nós dependemos e não temos como alterar os valores alocados segundo o despacho a nível nacional”, frisou.
Por outro lado, referiu que, para o pleito eleitoral de 24 de Agosto, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) não financiou qualquer tipo de despesa com delegados de lista, quer para logística, quer para transporte, quer para outro subsídio para os partidos concorrentes.
Nas eleições gerais de 24 de Agosto, a província de Benguela, a terceira praça eleitoral de Angola, com cerca de três milhões de habitantes, contou com 988 assembleias, num total de 2.117 mesas de voto.
Segundo os resultados finais apresentados pela Comissão Nacional Eleitoral, votaram nas eleições do dia 24 de Agosto 44,82% dos 14,4 milhões de eleitores, com 1,67% de votos brancos e 1,15% de votos nulos.
O MPLA arrecadou 3.209.429 de votos, ou seja 51,17%, elegendo 124 deputados, e a UNITA conquistou 2.756.786 votos, garantindo 90 deputados, com 43,95% do total.
O plenário da CNE proclamou João Lourenço - cabeça-de-lista do MPLA - como Presidente da República de Angola e Esperança Costa, a número dois, como vice-presidente.