Luanda - A campanha agrícola 2022-2023 arranca, em Setembro, com a plantação de trigo e outros cereais em vastos campos, em diversas regiões do país, explicou, esta quarta-feira, o ministro da Agricultura e Pescas, Francisco de Assis.
De acordo com o titular da pasta governamental, em Angola já existem diversas iniciativas bem consolidadas a nível das províncias do Bié e do Huambo, acções que serão expandidas a outras regiões, como no Leste, integrando mais famílias camponesas neste processo que visa a segurança alimentar.
Francisco de Assis falava em videoconferência sobre “A Modernização das Infra-estruturas e a Diversificação Económica”, uma iniciativa do partido MPLA, no quadro das acções que quer dar sequência, caso volte a ser Governo.
“Nos programas traçados, a partir da campanha agrícola que começa em Setembro, vamos produzir muito trigo em Angola. Já existem iniciativas, e bem consolidadas”, afirmou Francisco de Assis.
O cultivo de trigo em grande escala integra o Plano Nacional de Grãos (PLANAGRAO), uma iniciativa já aprovada pelo Executivo de João Lourenço, e prevê um investimento de 2,2 biliões de kwanzas, cerca de 4 mil milhões de dólares norte-americanos, para o quinquénio 2022-2027.
A iniciativa, ou seja, o PLANAGRAO contempla acções de fomento para a produção e o aprovisionamento de quatro tipos de grãos prioritários, nomeadamente o milho, arroz, trigo e soja, numa perspectiva de curto e médio prazos.
O mesmo plano prevê a produção de seis milhões de toneladas de cereais para dois milhões de hectares.
Actualmente, segundo dados de 2021, o país produz aproximadamente 613 milhões de toneladas de cereais, numa porção de 250 mil hectares. Com o incremento do Programa Nacional de Fomento dos Grãos prevê-se um aumento de 600 mil toneladas, numa porção de 6 milhões de hectares.
Para o alcance das metas traçadas, vai-se contar com o envolvimento do Estado, na implementação de infra-estruturas de apoio e loteamento de terras.
Caso o MPLA ganhe as eleições gerais de 24 deste mês, vai-se dar continuidade ao desenvolvimento da agricultura, principalmente a familiar e trabalhar em simultâneo com os operadores ligados à agricultura empresarial, para que os principais produtos alimentares possam ser produzidos a nível do país com eficiência e com rendimentos capazes de atender às necessidades locais.
No domínio das florestas, o ministro anunciou o início de um processo novo, que prevê a saída do regime de atribuição de licenças para o de concessões, em que os operadores, além de fazerem a exploração das florestas, passem a repovoar os campos devastados.
Plataformas logísticas de apoio
Por sua vez, o ministro dos Transportes, Ricardo D’Abreu, também convidado para o mesmo painel, realçou os projectos ligados à construção de plataformas e centros logísticos para apoiar a produção nacional.
De acordo com o ministro, já existem alguns centros em funcionamento, estando os mesmos na fase de expansão, quer a nível das zonas fronteiriças quer a nível interno, com condições criadas para a concentração de carga diversa para a exportação e consumo interno.
A título de exemplo, apontou a previsão da construção da plataformas logísticas transfronteiriças para a província de Cabinda, depois de ter sido lançado, recentemente, o concurso para as do Soyo, Luvo (Zaire) e Luau (Moxico).
Acrescentou que estão a ser também construídas plataformas logísticas voltadas às zonas rurais, com vista a chegar a localidades como o Lombe (Malange), Caála (Huambo) e na Huila, com características diferentes que possam “socorrer” os produtores na entrega dos produtos a consumidores fora das suas localidades.
Com parceria da Cooperação Holandesa, o sector está a desenvolver, no "triângulo provincial" Cuanza Sul, Huambo e Benguela outros centros de concentração logística para facilitar a exportação de frutas de Angola por via do Corredor do Porto do Lobito.
Outras plataformas estão previstas para as províncias do Bié e Moxico, com características rurais, mas também com o propósito de beneficiar de meios técnicos para a protecção da produção nacional.
Electrificação rural com USD três mil milhões
Igualmente integrado no mesmo painel, o ministro da Energia e Àguas, João Baptista Borges, referiu que o MPLA já está a implementar um vasto programa de eletrificação rural, com uma carteira de investimento na ordem dos mais de 3 mil milhões de dólares
Considerando uma carteira muito relevante, disse que as principais regiões beneficiárias são o Leste do país, cobrindo as províncias da Lunda Norte e Lunda Sul; o Sul, abrangendo o Cuando Cubando, Namibe e Huila; o Centro (Bié); e o Norte (Malange e Cabinda).
Com estes projectos, caso o MPLA vença as eleições, dar-seá continuidade à electrificação de um total de 160 localidades, entre sedes municipais, comunais e aldeias importantes, com a instalação de sistemas fotovoltaicos autónonomos, o que vai representar menos custos e mais energia disponível.
Segundo o governante, o seu partido tem como meta chegar aos 50% da população com acesso à electricidade, até ao final do próximo mandato 2022-2027, estando actualmente nos 48,2% de taxa de cobertura.
“Os cerca de 8% em falta, para se chegar à meta, representam um grande esforço e grande investimento”, justificou o governante.
Mas ainda assim, a aposta do MPLA com a electrificação é beneficiar mais de 2,5 milhões de pessoas nas zonas rurais, programa já em curso.
A perspectiva, além das zonas rurais, é abranger também as grandes e médias fazendas, com electrificação, para facilitar os sistemas de rega e outros sistemas instalados nos campos agrícolas. Existem já projectos em funcionamento e a província do Cuanza Sul é disso exemplo.
A chegada da electricidade, pela primeira vez, a algumas localidades, vai permitir a criação de postos de trabalho na fase de construção dos projectos, bem como no final dos mesmos, segundo João Baptista Borges.
Com a referida carteira de investimentos, existem outras em curso, para a melhoria do fornecimento de energia elétrica e abastecimento de água potável à população.