Luanda - O empoderamento e a emancipação da juventude foram hoje, quarta-feira, a nota dominante do painel "Jovens, actores na promoção da cultura da paz e transformações sociais do continente", no quadro da Bienal de Luanda.
O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, defendeu a criação de condições para que os jovens confiem mais nos seus Estados.
De acordo com José Maria Neves, precisamos, neste século, cumprir a promessa de desenvolvimento do continente para que os seus povos vivam com mais dignidade.
Na sua intervenção, falou da necessidade de profundas reformas e de lideranças visionárias para reduzir o fosse no nível de desenvolvimento entre África e o resto do mundo, criando oportunidades em todos os domínios e evitar defraudação dos anseios juvenis.
Noutra vertente, o Presidente cabo-verdiano aconselhou a uma maior aposta nas infra-estruturas desportivas em todos os estabelecimentos de ensino para aproveitar o potencial e talentos da juventude, por uma cultura de paz e não violência.
Também ao abordar o tema, o antigo Presidente da Nigéria, Olusegun Obasanjo, valorizou o diálogo intergeracional e aconselhou a um maior papel da família e da comunidade na educação da juventude.
Com isso, exortou a iniciativas próprias para o desenvolvimento dos Estados ao invés de esperar por organizações como o Banco Mundial, que na verdade desaconselha programas que ajudam a redução da dependência das grandes potências.
"O Banco Mundial não foi criado para nós. Não subsidia a agricultura em África, mas faz nas outras potências", rematou.
Desta feita, Obasanjo transmitiu ainda o receio de novos tipos de escravidão de africanos daqui a 50 anos.
Por sua vez, o Presidente de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, acha que os jovens têm papel crucial se for fortalecida a sua educação para a cidadania.
Considerou ainda como sendo essencial dotar os jovens de competências para influenciar positivamente no sentido de uma cultura de paz.
Neste sentido, salientou que esta franja da sociedade se empoderada e com acesso ao financiamento, pode contribuir muito mais para a estabilidade e o desenvolvimento dos países.
De igual modo, criticou as organizações que anunciam financiamento sem que cheguem às mãos dos países necessitados.
Noutra intervenção, o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, apontou como desafios a promoção da igualdade entre homens e mulheres.
Esta, na visão deste responsável continental, deve partir da educação, pois a atenção às mulheres deve ser uma prática por serem os motores da sociedade.
Moussa Faki disse que África perdeu muito com a segregação das mulheres, mesmo depois de provas dadas sobre a sua capacidade de gestão.
Quem também se fez ouvir foi o antigo Estadista moçambicano, Joaquim Chissano, que exortou a juventude a empregar melhor as novas tecnologias, de modo a obter bons resultados e dar início à exportação.
Outra intervenção de destaque neste dia foi da Presidente da Etiópia, Sahle-Work Zewde, que considerou importante que os Estados contribuam para o reforço da confiança nas instituições e honrar os compromissos assumidos.
Sahle-Work Zewde apelou aos Estados no sentido de ratificarem os compromissos assumidos em domínios como o da educação, integrando os nos seus ordenamentos políticos.
Para ela, a educação é a chave para o crescimento da sociedade, pelo poder transformador para os cidadãos, daí ter defendido um maior envolvimento juvenil em situações de paz e segurança, prevenção, mediação, observação eleitoral e na tomada de decisão e posição.
Defendeu ainda a necessidade de os Governos criarem um ambiente conducente ao regresso da diáspora e que promova uma juventude consciente, instituições fortes, com regras e orientações.
Nos destaques da tarde, a antiga Presidente do Malawi, Joyce Banda, defendeu a inevitabilidade da inclusão de jovens nos processos de paz, bem como em todos os processos políticos e agendas.
Já o ex-Presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe, pediu maior atenção à protecção ambiental “no sentido de se evitar que a natureza perca a paciência”.
Por este facto, considerou importante investir na criação de fontes de energias limpas e sustentáveis, para evitar catástrofes naturais.
“Quanto mais educados formos, mais afinados estaremos para produzir o suficiente para todos os seres humanos”, disse.
Para a Secretaria do Conselho das Igrejas Cristãs de Angola (CICA), Deolinda Dorcas Tecas, deve-se valorizar o resgates de valores morais e cívicos, mediante vários programas para a cultura de paz.
Deolinda Dorca reafirmou o compromisso com a paz e o desenvolvimento do país.
No mesmo diapasão, o director-geral adjunto da UNESCO, Xing Qu, considerou a educação como alicerce para instituições fortes e ajuda no lidar com as adversidades, daí ter defendido maiores investimentos no homem.
Outra figura que igualmente teve a sua intervenção foi o Vice-Presidente da Namíbia, Nangolo Mbumba, durante a qual pediu o uso correcto dos dispositivos disponíveis para transformar os recursos para o bem de todos.
A Primeira-ministra da Guiné Equatorial, Manuela Botey, defendeu uma cultura de amor à vida e que se aproveite o potencial do países para mudar a mentalidade juvenil. JFS/SC/ADR