Nova Iorque – O representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque (EUA), embaixador Francisco José da Cruz, destacou segunda-feira (16), o papel do país na prevenção, gestão e resolução de conflitos em África, com base na sua experiência na construção da paz e reconciliação nacional.
Disse que as iniciativas diplomáticas do país traduzem-se na busca da inclusão e estabilidade política em países como a República Democrática do Congo (RDC) e a República Centro-Africana (RCA), no âmbito da sua Presidência da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
De acordo com uma nota a que a ANGOP teve acesso, o diplomata defendeu este posicionamento na reunião plenária da Assembleia Geral da ONU, que debateu as Causas de conflitos e promoção de uma paz duradoura e do desenvolvimento sustentável em África.
Na ocasião, referiu que o continente continua a enfrentar grandes desafios de paz e segurança, tais como a propagação do terrorismo e do extremismo violento, o ressurgimento de mudanças inconstitucionais de governo (UCG) e transições políticas instáveis.
Apontou ainda a corrupção, nepotismo, ineficiência dos Estados na prestação de serviços básicos e a crescente internacionalização dos conflitos, devido ao aprofundamento da rivalidade geopolítica que mina o papel de liderança da União Africana(UA) na busca de soluções.
Avançou que os sistemas globais, regionais, sub-regionais e nacionais que lidam com conflitos têm-se concentrado na prevenção de guerras interestatais e, cada vez mais, de conflitos intra-estatais.
“No entanto, a natureza mutável dos conflitos e das crises exige uma abordagem mais abrangente e integrada para responder às crises humanitárias e às violações dos direitos humanos, para identificar soluções políticas duradouras”, salientou.
Durante a sua intervenção, o embaixador Francisco José da Cruz informou que os Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), reunidos na 16ª Sessão Extraordinária da Assembleia sobre Terrorismo e Mudanças Inconstitucionais de Governo em Malabo, Guiné Equatorial, em 28 de Maio de 2022, instituíram o dia 31 de Janeiro de cada ano como “Dia Africano da Paz e da Reconciliação”, tendo designado o Presidente João Lourenço, como Campeão para a Paz e Reconciliação em África”.
Lembrou que, por ocasião da comemoração inaugural da data a 31 de Janeiro de 2023, o Chefe de Estado angolano defendeu dois pilares principais para a paz e estabilidade no continente.
Quanto ao primeiro pilar, declarou que a confiança e a unidade na diversidade dos povos de África são o caminho a seguir para o continente alcançar a paz e a reconciliação, bem como gerir e resolver conflitos.
Relativamente ao segundo, assinalou que a conquista da paz em África é, de facto, uma responsabilidade partilhada que exige que todos os cidadãos africanos, jovens e idosos, homens e mulheres, contribuam para a manutenção da coesão e unidade social e apreciem, valorizem e incentivem a paz nas suas capacidades e ambientes individuais e colectivos.
O embaixador Francisco José da Cruz realçou que Angola é um país pacificador, construtor e amante da paz, tendo os princípios da resolução pacífica de litígios e da promoção da paz e segurança internacionais no centro da sua Política de Externa.
Neste contexto, sublinhou que o país está empenhado em reforçar uma cultura de paz e de reconciliação nacional através da realização do Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz em África – Bienal de Luanda, em parceria com a União Africana (UA) e a UNESCO, com o objectivo de promover princípios e práticas democráticas e consolidar um ambiente de tolerância política e inclusão no continente.
A terceira edição da Bienal de Luanda realiza-se de 22 a 24 de Novembro do corrente ano, sob o lema “Educação, Cultura de Paz e Cidadania Africana como Ferramentas para o Desenvolvimento do Continente”. SC
