Luanda - A Inteligência Artificial (IA) apresenta oportunidades e desafios interligados que exigem uma abordagem coordenada para mitigar os riscos à estabilidade, governação e segurança no continente africano, destacou esta quinta-feira, em Luanda, o diplomata angolano Matias Pires.
Segundo uma nota de imprensa do Ministério das Relações Exteriores (Mirex), a afirmação foi feita durante a 1267ª reunião ministerial do Conselho de Paz e Segurança da União Africana (UA) sobre o Impacto da IA na paz, segurança e governação em África, realizado em formato virtual, a partir de Addis Abeba, capital da Etiópia.
O encontro foi presidido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Marrocos, Nasser Bourita, na qualidade de presidente do Conselho de Paz e Segurança da União Africana para o mês de Março de 2025.
Ao intervir durante o encontro, o director do Gabinete de Estudos e Análises e Estratégia do Mirex, Matias Pires, apontou o impacto da IA na desinformação política, discurso de ódio, ciberataques, terrorismo, operações militares, corrupção e violações das liberdades individuais.
"Apesar do seu potencial para impulsionar o progresso e contribuir para a concretização das aspirações da Agenda 2063 da UA e da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a tecnologia também pode ser mal utilizada, representando uma ameaça à paz e à segurança", explicou o diplomata.
Por essas razões, Matias Pires defendeu a necessidade de esforços conjuntos para fortalecer as capacidades nacionais e regionais na detecção, resposta e recuperação de ameaças digitais.
Em representação do ministro Téte António, o orador disse que Angola é pela implementação de regulamentações adequadas para garantir um uso ético e responsável da IA, de modo a proteger indivíduos, infraestruturas críticas e sistemas políticos.
No plano nacional, o embaixador destacou a aprovação, em 2024, do Livro Branco das Tecnologias de Informação 2023-2027, que estabelece directrizes para o desenvolvimento sustentável do sector tecnológico no país.
O documento traça políticas estratégicas para a adopção da IA, alinhando-se com iniciativas continentais e globais.
Disse que Angola reconhece o potencial da IA para impulsionar o crescimento económico, melhorar a qualidade de vida da população e posicionar Angola como um actor relevante no cenário tecnológico global.
A nível continental, recordou, em Agosto de 2024 a UA endossou a Estratégia de IA Continental, que orienta os Estados-membros na adaptação e aplicação de legislações existentes sobre protecção de dados, propriedade intelectual e concorrência, bem como na identificação de lacunas regulatórias e na implementação de avaliações de impacto de risco.
A referida reunião ministerial decorreu sob o tema: "A Inteligência Artificial e o Seu Impacto na Paz, Segurança e Governação em África", e visou analisar os desafios e oportunidades que a Inteligência Artificial apresenta para a estabilidade e o desenvolvimento de África. FMA/VIC
