Diplomacia económica impulsiona investimento privado

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  • Luanda • Domingo, 08 Setembro de 2024 | 16h15
Edifício do Ministério das Relações Exteriores
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Angop

Luanda - O Governo angolano continua a apostar fortemente na diplomacia económica, para melhorar a sua imagem junto dos parceiros e das organizações internacionais, tendo em vista a atracção de mais investimento, sobretudo privado.

Por Francisca Augusto, jornalista da ANGOP

Nos últimos cinco anos, Angola vem melhorando gradualmente a sua imagem junto de potenciais investidores estrangeiros, muito por conta da acutilante diplomacia económica, marca registada do actual Executivo, o que tem resultado numa maior aceitação internacional.

Neste período, marcado por reformas profundas, sobretudo no domínio económico, são visíveis os ganhos alcançados pelo país, desde a captação de investidores estratégicos até à recuperação de activos, indispensáveis para o país.

Com essa actuação, o Estado angolano tem conseguido estabelecer parcerias estratégicas e abertura junto dos grandes financiadores, para a atribuição de empréstimos, financiamentos ou renegociação das dívidas do país.

Como resultado dessa acção do Executivo, a título de exemplo, até 2018, Angola obteve financiamentos globais de 11.2 mil milhões de dólares e 579 milhões de euros para financiar vários projectos internos, até 2023.

Além dos financiamentos, a actividade diplomática resultou no retorno da multinacional sul-africana De Beers, que tinha deixado Angola, assim como de investimentos americanos no sector das energias limpas e das telecomunicações, destacando-se neste último a instalação em território nacional da operadora de telefonia Africel, que se tornou a segunda maior do país e ultrapassou, segundo dados, a Movicel, em termos de clientes.

No domínio das energias limpas, a acção diplomática angolana resultou, igualmente, na implementação dosmega projectos de centrais solares do Biópio e da Baía Farta, na província de Benguela, em funcionamento desde 2022.

As outras estão nas instaladas nas cidades do Cuito, província do Bié, Luena (Moxico), Bailundo (Huambo) e Saurimo (Lunda-Sul), num investimento de mais de 500 milhões de euros.

Para esse feito, Angola conta com financiamento do consórcio que reúne a empresa norte-americana Sun Africa LCC e a construtora portuguesa MCA (M.Couto Alves, S.A.).

Com o início das operações das duas primeiras centrais fotovoltaicas de 285 megawatts (MW), na província de Benguela, o país entrou na lista dos produtores de energia solar em África.

Com uma potência total instalada prevista de 188,8 megawatts de energia eléctrica, o suficiente para abastecer mais de um milhão de pessoas, 

A central fotovoltaica da comuna do Biópio, município da Catumbela, com uma potência total instalada prevista de 188,8 megawatts de energia eléctrica, suficientes para abastecer mais de um milhão de pessoas, é o maior projecto de energia solar em Angola, totalizando 509 mil e 40 painéis solares.

A segunda central de energia solar, com 96 megawatts de potência, prevê beneficiar meio milhão de consumidores e está nos arredores da vila municipal da Baía Farta, numa área de 186 hectares. A mesma conta com 261 mil e 360 módulos solares.

Trata-se de ganhos palpáveis trazidos pela política externa de Angola, que tem ajudado, além, da componente económica, a colocar o país no centro das grandes decisões políticas em África, sobretudo na Região dos Grandes Lagos.

Esta visão foi corroborada por Matias Pires, em declarações à ANGOP, ainda na condição de analista político, ao destacar os feitos do Presidente João Lourenço, desde 2017, sublinhando que Angola vem obtendo prestígio no domínio da diplomacia económica, apesar de ser um processo que requer paciência.

Lembrou que João Lourenço chegou ao poder numa altura em que o país vivia uma recessão económica profunda, desde 2014, agravada pela queda abrupta do preço do petróleo no mercado internacional, e enfrentou o duro impacto da pandemia da Covid-19, em 2020.

Matias Pires frisou que o país acabou por sentir o impacto negativo desses acontecimentos, mas conseguiu capitalizar investimento estrangeiro da Península Ibérica, dos Estados Unidos da América (EUA), das Arábias, além da China.

“Mas, também, podemos evoluir um pouco para o centro e olhar para a Turquia, que procura intensificar a cooperação com Angola. Tivemos a visita do Presidente (Recep)Erdogan ao nosso país e estabelecidas ligações aéreas com a Turquia Arlines", reforçou.

Destacou, igualmente, o Corredor do Lobito como uma fonte que atraiu e continua atrair investimentos privados às zonas económicas industriais de Luanda e Bengo, bem como para a construção de zona de alumínio no Bengo, num investimento chinês.

O Corredor do Lobito é visto como um contrapeso à Iniciativa do Cinturão e Rota da China em África, daí que países do Ocidente, incluindo os EUA, estão a investir nessa infra-estrutura, com vista à diversificar rotas comerciais e garantir acesso a minerais vitais na região.

A sua operacionalização vai contribuir para o crescimento económico e a integração regional, promovendo a estabilidade nesta zona do continente africano.

Por outro lado, Matias Pires afirmou que a participação de Angola na cimeira EUA-África é uma demonstração de que o país está a desenvolver bem a diplomacia económica, não obstante a situação que está a viver.

Igualmente, apontou o acordo de financiamento ampliado com o Fundo Monetário Internacional, que permitiu a reestruturação da economia, e a redução das restrições dos bancos correspondentes para o acesso às divisas, como outro dos ganhos da política externa de Angola.

Na sua óptica, a falta de restrições de divisas melhorou o ambiente de negócios, porquanto permitiu que os investidores estrangeiros exportassem os seus dividendos em divisas.

"O importante é olhar para o facto de se ter tomado uma série de medidas internas, visando a melhoria do ambiente de negócios, quer através da facilitação de vistos, quer com a sua isenção para cidadãos de determinados países, como a África do Sul", sublinhou.

De lembrar que o Processo Simplifica, que visa desburocratizar os procedimentos, a revisão da Lei sobre Investimento Privado, a luta contra a corrupção e o fim dos monopólios para estimular a livre e sã concorrência têm vindo a contribuir para a melhoria do ambiente de negócios em Angola.

O país também aderiu à iniciativa da transparência nas indústrias extractivas, o que permite às instituições internacionais vocacionadas para estes domínios fiscalizar os pagamentos de impostos a nível dos contratos de exploração petrolífera e outros, garantindo assim transparência neste sector vital da economia.

Cimeira de Negócios EUA-África

É com base nesta dinâmica diplomática que Angola vai albergar, em Junho de 2025, a 17ª Cimeira de Negócios EUA-África.

A escolha da cidade de Luanda surge na sequência do encontro mantido entre o Presidente da República, João Lourenço, e a presidente da Corporate Council on Africa, Florizelle Liser, em Maio deste ano, na cidade de Dallas, Texas.

A indicação de Angola como país anfitrião é uma prova do seu notável progresso e potencial como um actor chave na economia africana. 

O país terá a oportunidade de apresentar o seu potencial industrial, desde a energia, infraestrutura, agricultura e tecnologia para destacar as oportunidades de investimento e promover o desenvolvimento sustentável. 

De igual modo, o evento representa uma oportunidade crucial para a busca de soluções eficazes e sustentáveis para a diversificação da economia africana, o aumento do comércio, dos negócios em áreas com elevado impacto na vida das populações e empresas norte americanas e africanas.

A Cimeira Empresarial EUA-África em 2025 será um marco significativo, pois acontece no mesmo ano em que Angola celebra o 50° aniversário da sua Independência Nacional e assumirá a Presidência da União Africana (UA). 

O evento é reconhecido como uma das mais importantes plataformas de negócios que reúne anualmente Chefes de Estado africanos e ministros-chave, altos funcionários da administração norte-americana, responsáveis de principais agências, CEO's e executivos seniores de empresas americanas e africanas.

Para a presente edição, o Governo de Angola e a Corporate Council on Africa estimam a participação de mais de 1.500 delegados, incluindo chefes de Estado africanos, altos funcionários do Governo dos EUA, CEO 's, investidores e empresários.

A Cimeira contará com sessões plenárias, painéis de discussão, sessões de "pitch" de investimento, oportunidades de networking, uma exposição com produtos e serviços inovadores, para além da assinatura de acordos e o estabelecimento de parcerias comerciais

Presidência rotativa da União Africana

Para o analista político Osvaldo Mboco, Angola é um país que reúne o consenso da maioria dos Estados-membros da União Africana (UA) em questões de prevenção, gestão e resolução de conflitos em África, e tem um dos exércitos mais organizados da África subsahariana.

Opinou que Angola é estável política e militarmente e tem-se desdobrado à procura de soluções para os problemas africanos, especialmente na Região dos Grandes Lagos, onde joga um papel bastante activo.

Devido a toda a sua envolvente, na 43.ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) os Estados-membros desta organização indicaram Angola como candidato da região para assumir a presidência da UA, em 2025, altura em que o país vai comemorar 50 anos de independência.

De acordo com o especialista, ao assumir a presidência da UA, Angola, sob liderança de João Lourenço, designadoCampeão para a Reconciliação e Paz em África”, pela UA, vai aumentar o seu prestígio em vários assuntos que podem mudar a pauta política virada, neste período, para impulsionar a diplomacia angolana.

Recorde-se a UA atribuiu esse título ao Presidente angolano devido ao seu engajamento na pacificação no continente, sobretudo na Região dos Grandes Lagos e outras zonas.

Osvaldo Mboco acrescentou que o país pode trazer várias vantagens, incluindo a oportunidade de liderar discussões sobre questões importantes para o continente africano, tais como o processo de integração económica, a segurança, paz e estabilidade regional.

Além disso, pode fortalecer a sua posição internacional, aumentar a influência diplomática e proporcionar uma plataforma para promover os seus interesses e valores dentro do continente africano.

No seu entender, o país constitui-se num dos principais actores em matéria de gestão e resolução de conflitos em África, o que permite ganhar visibilidade no cenário internacional.

Deste modo, sublinhou, é recomendável que a "Agenda da Paz de Angola para África” sirva de instrumento importante para maximizar os interesses nacionais nas diferentes organizações regionais e globais em que se encontra.FMA/ART/ADR



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