Luanda - O Corredor do Lobito é uma oportunidade única de integração regional, de transformação económica e de melhoramento das condições de vida das populações locais, afirmou esta quarta-feira, em Benguela, o Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi.
Ao tomar a palavra na abertura da Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, o líder congolês-democrático afirmou que a infraestrutura não é apenas um projecto económico, mas um tratado de união entre Angola, RDC, Zâmbia e Tanzânia, bem como simboliza a vontade colectiva de converter o potencial existente em prosperidade tangível para as populaçoes locais.
Avançou que esse eixo de transporte, com ligações às regiões de mineração da RDC e da Zâmbia ao Porto do Lobito, vai transportar em torno de 20 milhões de toneladas de mercadoria, até 2030.
Explicou que a infra-estrutura representa uma oportunidade estratégica para valorizar os recursos naturais da região, especialmente o cobre e o cobalto, representando mais ou menos 70% da procura mundial para a transição energética, com uma produção combinada de três milhões de toneladas por ano.
De acordo com Félix Tshisekedi, o projecto permitirá reduzir significativamente os custos logísticos, aumentando as receitas de exportação, sendo por isso uma oportunidade singular.
Defendeu que, com mil e 739 quilómetros de via férrea, vai promover a integração regional do continente africano, além catalisar a criação de mais de 30 mil empregos directos e indirectos, "reduzindo a pobreza, favorecendo o comércio central africano, de acordo com a Agenda 2063 da União Africana".
Destacou que, actualmente, o tempo do trânsito das mercadorias ronda os 30 dias, e que este período será reduzido para menos de 10 dias, ampliando assim a competitividade.
O Estadista, depois de garantir pleno engajamento da RDC, lembrou que, no mercado internacional, o projecto não é apenas uma via logística, mas um motor de transformação económica e social para milhares de pessoas.
Energias renováveis
Na sua declaração de pouco mais de cinco minutos, o Chefe de Estado da RDC abordou, ainda, questões ligadas às energias renováveis, investimento privado, transparência e boa governação, bem como à paz e segurança.
"Quero instar uma mobilização para o sector privado, para aproveitar esta oportunidade única e investir no desenvolvimento de infra-estruturas ferroviárias, energéticas e portuárias", afirmou.
Depois de mencionar a necessidade das riquezas reflectirem no bem-estar das populações, apontou o projecto Inga 3 (barragem hidroeléctrica), bem como outras iniciativas da área das energias renováveis, como essenciais para a empreitada.
Sublinhou como prioridades absolutas a transparência e a boa governanção para que exista um clima de segurança e de confiança entre os parceiros, com realce primordial à paz e estabilidade em toda região.
Felix Thisekedi destacou o papel determinante de Angola durante o processo de Luanda e reafirmou o engajamento da RDC em trabalhar para a paz definitiva no Leste daquele país.
Participaram da Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, além Félix Tshisekedi (RDC), o Presidente anfitrião, João Lourenço (Angola), Joe Biden (EUA), Hakainde Hichilema (Zâmbia), Vice-Presidente da Tanzânia, Philip Mpango, e individualidades convidadas. VIC