Luanda - A contribuição do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, na consolidação da paz em Angola e no contexto regional e internacional foi enaltecida nesta quarta-feira, em Luanda, pelo corpo diplomático acreditado no país.
O reconhecimento foi feito no velório público, que decorre na Praça da República, por ocasião da morte de José Eduardo dos Santos, ocorrida na última sexta-feira, por doença, em Barcelona, Espanha.
Manuel Lezarreta, embaixador de Espanha, considerou o antigo Presidente de Angola como "uma figura muito importante para a história moderna", cuja "dimensão atravessa as fronteiras de Angola".
O embaixador de Portugal, Francisco Duarte, disse-se consternado pelo passamento de um líder que desempenhou papel relevante para a conquista da paz e da reconciliação nacional entre angolanos, depois de uma guerra devastadora.
Já o embaixador norte-americano, Tulinabo Mushingi, acredita que Eduardo dos Santos será lembrado pela conquista da paz, pela adopção do multipartidarismo e da economia de mercado em Angola.
O embaixador da Rússia, Vladimir Tararov, exortou a que se siga o exemplo de perseverança na luta pela paz e estabilidade de Angola.
O chefe da missão diplomática chinesa, Gong Tao, salientou que José Eduardo foi um grande homem da política que deu toda a sua vida pelo fim do conflito interno e para a reconstrução nacional, restando a continuação das relações estratégicas entre os dois Estados, com vantagens recíprocas.
Presente no evento, a embaixadora de Cuba em Angola, Esther Cárdenas, disse que o seu país compartilha com os angolanos o mesmo sentimento do desaparecimento físico de José Eduardo dos Santos e, por isso, decretou um dia de luto nacional.
O embaixador da Polónia, Piotr Mysliwiec, referiu que o saudoso estadista vai marcar a história para sempre e é um exemplo para todo mundo, por ter conseguido alcançar a paz que o país precisava.
Já o diplomata japonês, Jiro Maruhashi, considerou Dos Santos como um líder de trato fino.
A chefe da missão diplomática moçambicana, Osvalda Joana, declarou que o desaparecimento de José Eduardo é uma perda para toda a África.
José Eduardo conseguiu a paz no seu país, logrou a independência da Namíbia e a abolição do regime do apartheid na África do Sul.
A ministra conselheira da embaixada de Cabo Verde, Fernanda Fernando, transmitiu a solidariedade do seu povo ao angolano.
Simultaneamente a homenagem do corpo diplomático ao finado Presidente, membros da sociedade civil, empresários e cidadãos anónimos continuam a afluir a Praça da República.
Brito Sozinho e Emílio Guerra, amigos pessoais de José Eduardo dos Santos, choram o seu desaparecimento físico.
Para o diplomata Brito Sozinho, “é uma grande tristeza, perdi não só um amigo, mas também um irmão”.
Lembrou que saíram juntos de Luanda para se juntarem a luta de libertação nacional.
Já Emílio Guerra, também diplomata, contou que conheceu o falecido em 1962 em Leopold Ville, e que foram colegas no curso de telecomunicações militares.
Segundo Emílio Guerra, Dos Santos caracterizava-se pela humildade, era amigo dos seus amigos e homem de consensos.
Enquanto Presidente da República, de 1979 a 2017, José Eduardo dos Santos priorizava, no âmbito da política externa, a consolidação do papel de Angola nos contextos regional e internacional, tendo sempre em conta o interesse nacional.
Defendia também o reforço das relações com o Sistema das Nações Unidas, com as instituições financeiras internacionais e a consolidação das relações bilaterais entre Estados.
José Eduardo era também pelo aprofundamento das relações bilaterais e multilaterais com todos os países, com prioridade para os limítrofes.