Luanda – O analista político Bonifácio António declarou, esta quarta-feira, que a implementação do processo de combate à corrupção no país a partir de 2017 está a impactar positivamente a sociedade.
O académico, que falava à ANGOP a propósito do impacto do combate à corrupção em Angola sob a liderança do Executivo do Presidente João Lourenço, deu como exemplo a redução substancial da desativação da dupla efectividade na função pública fruto de maior controlo da administração pública.
Lembrou que o processo de desativação ajudou na desboberta de vários funcionários fantasmas, aumentando desta forma o número de postos de trabalho que antes estavam supostamente ocupados.
Segundo o analista, desde 2017 que a consciência popular contra a corrupção em Angola acentuou-se significativamente. Antes, disse a fonte, a sociedade não falava deste mal.
“Hoje, até o cidadão normal sabe que praticar corrupção é crime, pagar e receber “gasosa”, usar a via rápida, nepotismo e tráfico de influência é corrupção”, vincou.
Bonifácio António ressaltou, igualmente, o facto de a comunidade internacional ter dado nota positiva aos passos implementados pelo Executivo do Presidente João Lourenço no combate à corrupção.
O Presidente João Lourenço fez do combate à corrupção um dos principais pilares da sua governção a partir de 2017.
Entretanto, o especialista em ciência política disse ser necessário trabalhar na educação dos agentes administrativos que às vezes dificultam a execução das políticas e acções do Executivo.
Enfatizou que o Executivo deu maior poder à Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) e a Procuradoria Geral da República (PGR) neste quesito.
“Se antes o anormal era normal, hoje o anormal é mesmo anormal, já se tem medo da corrupção (aumentou-se a transparência em quase tudo, até nos concursos públicos) e os resultados do combate a esse fenómeno estão à vista”, sustentou.
Recuperação de activos
Dados da PGR sobre a estratégia anti-corrupção entre 2018 a 2022 conduziram à recuperação de 3,3 mil milhões de dólares norte-americanos (aproximadamente 2.747.250.000.000 kz) em activos pelo Fundo Soberano.
Registou-se igualmente neste período a recuperação de cerca de sete mil milhões de dólares norte- americanos (aproximadamente 5.827.500.000.00 kz) em activos financeiros e tangíveis.
A PGR instaurou, de 2017 a 2023, mil e 495 processos.
O relatório da Human Rights Watch sobre transparência e responsabilidade indica que antes de 2017 Angola ocupava a 164ª posição entre os 176 países ao nível da corrupção e, até 2023, o país alcançou 33 pontos numa escala que vai dos zero até 100 pontos.
Depois de oito anos, ao nível da África Subsariana Angola passou a ocupar 21º lugar, entre os 49 países.
O analista político defende, entretanto, que o Estado deve colocar à disposição dos particulares os activos recuperados, de forma a aumentar os postos de trabalho no país.
Defende igualmente a privatização destes bens recuperados por via de um concurso transparente e democrático. FMA/DC