Luanda - Angola decidiu alargar para os familiares residentes no estrangeiro a recolha de informações genéticas das vítimas dos conflitos políticos ocorridos no país de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002.
A decisão foi divulgada quinta-feira, em Luanda, pela Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memórias das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), segundo uma nota de imprensa deste organismo.
A recolha de informações genéticas na diáspora, a partir de uma base de dados de parentes sobrevivos, tem início previsto para o ano em curso.
A medida também é consequência de pedidos de angolanos que vivem em Portugal, cujos familiares foram vítimas de conflito.
Esses angolanos, indica a nota, dispõem-se a recolher os seus dados genéticos para os relacionar com potenciais parentes mortos em conflitos no país, no período em referência.
"Concluímos que cooperando com autoridades portuguesas e associações de angolanos no exterior (...) a tarefa será realizada", refere o documento da CIVICOP.
A Comissão esclarece que a complexidade dos trabalhos requer que se proceda a esclarecimentos mais privados, com as famílias, sobre os processos de triagem de informação de exames de ADN.
Adianta que o processo requer mais tempo até à obtenção de perfis completos e não parciais.
Em Novembro de 2021, duas ossadas dos antigos dirigentes da UNITA Elias Salupeto Pena e Adolosi Mango Paulo Alicerces foram entregues às respectivas famílias.
Actualmente, 10 outras ossadas estão em estudo para obtenção de informação genética, com vista a compará-los com as informações das amostras de ADN de potenciais familiares sobrevivos das vítimas de conflito.
A CIVICOP funciona como uma plataforma por via da qual o país lida com os episódios de violência físico-espiritual. A sua acção tem como base o diálogo convergente, evitando factores que possam enfraquecer as bases para a construção da paz e reconciliação nacional.