Luanda - O terceiro e último dia da visita do Presidente do EUA, Joe Biden, teve como ponto alto a participação, em Benguela, na Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, com os seus homólogos João Lourenço (Angola), Félix Tshisekedi (RDC), Hakainde Hichilema (Zâmbia) e do Vice-Presidente da Tanzânia, Philip Mpango.
O dia também foi marcado pela ida dos estadistas ao Terminal Polivalente do Porto do Lobito, em Benguela, onde assistiram à chegada de um comboio operado pela Lobito Atlantic Railway (LAR), transportando cobre proveniente da República Democrática do Congo.
O cobre foi depois carregado para um navio com destino a New Orleans, nos Estados Unidos, destacando, mais uma vez, o papel estratégico do Corredor do Lobito na ligação entre a África Austral e os mercados internacionais.
À sua chegada, no Aeroporto Internacional Paulo Teixeira Jorge, Joe Biden recebeu cumprimentos de boas vindas, à porta do "Air Force One", do Presidente João Lourenço.
Em breves momentos, o Estadista norte-americano interagiu com o grupo cultural Bimba das Acácias, que apresentou uma exibição cultural de boas-vindas. Na ocasião. Biden exibiu alguns passos de dança e tocou batuque.
Na abertura da cimeira, o Presidente da República, João Lourenço, realçou que Angola está comprometida em respeitar as suas obrigações e compromissos com os parceiros internacionais.
O Chefe de Estado sublinhou que o país vive numa situação de paz e estabilidade e está determinado em cumprir as obrigações quer ao nível institucional, quer ao nível dos investidores que escolheram o nosso país como destino para os seus negócios.
Na ocasião, o Presidente de Angola sublinhou a importância estratégica do Corredor do Lobito que, com o Porto do Lobito e o Caminho de Ferro de Benguela, foi na década de 70 uma das linhas férreas mais rentáveis do mundo ao transportar 3.3 milhões de toneladas de carga por ano.
“Estamos a projectar a optimização desta importante infra-estrutura como parte integrante de uma rota internacional e transcontinental capaz de ligar o oceano a todos e desta forma ligar em segurança os continentes americano, europeu, africano e asiático com ganhos nos tempos na transportação e custos dos fretes marítimo e ferroviário”, afirmou.
Já o Presidente Biden, na mesma cimeira, anunciou um investimento de 600 milhões de dólares adicionais para a expansão da infra-estrutura agrícola, construção de redes móveis de alta velocidade e continuar a reformar o Caminho-de-Ferro de Benguela.
Afirmou que os Estados Unidos compreendem a importância de investir em África e o Parceria para Infra-estrutura Global e Investimento (PGI) tem esse objectivo.
Em relação ao Corredor do Lobito, Biden lembrou que há meses atrás a República Democrática do Congo enviou o primeiro carregamento de cobre, uma viagem que antes levava 45 dias para chegar aos Estados Unidos e agora leva menos do que 45 horas, pelas mudanças realizadas.
Sublinhou que o projecto vai transformar toda a tecnologia, energia limpa, actividade agrícola e aumentar a segurança ambiental.
Considerada histórica, por ser a primeira de um Presidente norte-americano, a visita terminou esta quarta-feira com cumprimentos de despedida do seu homólogo João Lourenço, no Aeroporto Internacional Paulo Teixeira Jorge.
Primeiro dia
Desde segunda-feira em Angola, Joe Biden começou a jornada com uma recepção no Palácio Presidencial, onde recebeu cumprimentos de boas vindas de João Lourenço, passou em revista as tropas em paradas, antes da reunião em privado.
Em seguida, os dois Presidentes co-presidiram a reunião entre as delegações governamentais, destinada a definir a estratégia da parceria para o futuro.
Ao discursar na abertura da reunião, o Presidente angolano disse que a visita de Biden enterra um passado das relações em que, no quadro da Guerra Fria, nem sempre os dois países estavam alinhados.
Referiu que marca também um importante ponto de viragem nas relações entre ambas nações, que “sem sombra de dúvidas conhecerão uma nova dinâmica a partir de hoje”.
Daí considerar “uma grande honra e um privilégio ” receber tão importante visita, nomeadamente o Presidente dos Estados Unidos, para a Cimeira Multilateral sobre este importante Corredor do Lobito.
Por seu turno, Joe Biden disse estar muito orgulhoso por ser o primeiro Presidente americano a visitar Angola e por tudo que foi feito para transformar a parceria.
Em tom de brincadeira referiu: “nós, os Bidens, somos como parentes pobres. Aparecemos quando somos convidados, ficamos mais tempo do que deveríamos, comemos toda a sua comida e não sabemos quando ir embora. Mas você tem sido muito generoso e hospitaleiro. Obrigado”, reconheceu o Presidente.
Afirmou que ainda há muito pela frente que as duas nações podem fazer, sendo que os resultados até agora falam por si, como construir uma linha ferroviária de acesso, de oceano a oceano, que vai conectar o continente de Oeste a Leste, pela primeira vez na história.
Apontou igualmente o investimento em projectos de energia solar que vão ajudar Angola a gerar 75 por cento da sua energia limpa até ao próximo ano.
Joe Biden pronunciou-se também sobre a actualização da infra-estrutura de Internet e comunicações, para conectar todas as redes de Internet de alta velocidade de Angola
O período da tarde de terça-feira foi marcado por uma visita carregada de grande simbolismo histórico ao Museu da Escravatura, de onde partiram os primeiros escravos angolanos a chegar ao território norte-americano.
Na ocasião, o Presidente proferiu um discurso onde falou sobre os escravos angolanos levados para os Estados Unidos e sublinhou que “Angola e os EUA estão condenados a viver juntos e a reforçar as relações históricas”.
“Apesar de estarmos em fim de mandato, ainda temos muito que fazer para ajudar Angola, e apoio financeiro de que juntos podemos fazer história”, acrescentou o Presidente americano, que sublinhou que “Angola é um país abençoado, tendo em vista os mais variados recursos que possui”. VIC/ART