Addis Abeba (Dos enviados especiais) – A 38ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), que sábado confirmou o Presidente João Lourenço como líder da organização, termina na tarde deste domingo, em Addis Abeba, capital da Etiópia.
Durante o mandato de um ano, o Estadista angolano vai lidar com dossiers complexos, como os graves conflitos armados no Sudão e na República Democrática do Congo.
No seu discurso de aceitação da presidência, João Lourenço disse que pretende lançar um vasto plano de atracção de investimentos e de captação de recursos financeiros significativos junto dos grandes parceiros internacionais, para a concretização dos projectos ligados à construção de infra-estruturas no continente.
Segundo o Presidente da UA, nesta primeira presidência de Angola, o país vai olhar com atenção para os principais problemas de África e colocar ao serviço da organização a sua experiência na busca de soluções para as questões relativas à paz e segurança e cuidar da implementação, pelos estados-membros, das políticas económicas e sociais que promovam o progresso e o desenvolvimento do continente.
Para João Lourenço, a operacionalização de um modo prático da questão relativa à justiça para os africanos e os afro-descendentes por meio de reparações, que constitui o lema escolhido para este ano e, também, o que Angola elegeu para a sua presidência, está centrado na importância do investimento em infra-estruturas como factor de desenvolvimento de África.
Na sua visão, a conjugação destes dois aspectos pode levar os Estados membros a construir um canal de comunicação e de diálogo com os parceiros internacionais, que os faça compreender a importância e vantagem de cooperar com uma África desenvolvida, industrializada, com capacidade para superar a fome, a pobreza, a miséria e o desemprego, reduzindo assim a probabilidade de conflitos armados e de imigrantes ilegais junto às suas fronteiras.
Apontou a construção, em cada um dos Estados, de infra-estruturas como as vias rodoviárias e ferroviárias, portos e aeroportos, centrais de produção de energia elétrica, as respectivas linhas de transportação e distribuição, como um caminho aberto para a industrialização do continente e a melhoria das condições de vida das populações.
Neste sentido, destacou o contributo que Angola poderá prestar ao desenvolvimento de África, colocando ao seu dispôr o excedente energético que tem, para a mitigação das necessidades de vários países.
Ressaltou a importância do Corredor do Lobito, pela relevância e importância estratégica que assume no quadro da transportação de produtos diversos e também no de comércio intra-africano e no de África com o resto do mundo, e dos Caminhos-de-Ferro Tanzanianos.
Disse contar com o apoio de todos os Estados-membros, de modo a que Angola possa levar por diante uma presidência que vá ao encontro das expectativas dos cidadãos do continente e ajude a acrescentar mais um passo no caminho para se alcançar o objectivo do desenvolvimento socio-económico dos países e a concretização da Agenda 2063, “no quadro de todas as acções e esforços que empreendemos para construir a África que queremos”.
Agenda 2063
A Agenda 2063 é o modelo e plano director de África para transformar o continente numa potência global do futuro, sendo o quadro estratégico que visa cumprir o seu objectivo de desenvolvimento inclusivo e sustentável .
É uma manifestação concreta do impulso Pan-africano para a unidade, autodeterminação, liberdade, progresso e prosperidade colectiva, que visa dar prioridade ao desenvolvimento social e económico inclusivo, a integração continental e regional, a governação democrática e a paz e segurança, entre outras questões destinadas a reposicionar África para se tornar um actor dominante na arena global.
Tem como compromisso apoiar o novo caminho de África para alcançar um crescimento económico e desenvolvimento inclusivo e sustentável, definindo a rededicação do continente para a realização da Visão Pan-Africana de uma África integrada, próspera e pacífica, representando uma força dinâmica na arena internacional num período de 50 anos, de 2013 a 2063.
Engloba não só as Aspirações de África para o Futuro, como também identifica os principais Programas Emblemáticos que podem impulsionar o crescimento económico e o desenvolvimento de África e conduzir à rápida transformação do continente.
Ainda no sábado, além da condução de João Lourenço à presidência rotativa da União Africana, a reunião, também, elegeu o presidente da Comissão da UA, Mahmoud Ali Youssouf, do Djibuti, em reunião orientada pelo novo líder do bloco continental.
O ministro das Relações Exteriores e Cooperação Internacional do Djibuti substitui no cargo Moussa Faki Mahamat, do Tchad, que serviu a UA durante oito anos, correspondentes a dois mandatos. SR/ART