Cazenga – Distintos cidadãos residentes no município do Cazenga solicitaram, este sábado, uma maior atenção, da parte das autoridades, e cuidados, no que toca aos utilizadores das infraestruturas do Monumento Histórico do 4 de Fevereiro, enquanto símbolo da luta e resistência dos angolanos.
Inaugurado em 2005, a obra custou aos cofres do Estado cerca de cinco (5) milhões de dólares e, nela, podem ser vislumbradas as estátuas em bronze de dois nacionalistas, Paiva Domingos da Silva e Imperial Santana (já falecidos), que se destacaram na acção contra a ocupação colonial portuguesa em Angola.
Nesta altura, o capim alto invade todos os espaços, um grande número de peças de mosaicos partidos e deterioradas, plantas secas, pátio transformado em parque de estacionamento e campo de futebol.
Este cenário, que qualquer visitante pode encarar logo à primeira vista, caracteriza hoje o Marco Histórico, localizado no município do Cazenga, erguido para homenagear os guerreiros que deram inicio, em Luanda, à luta armada, a 4 de Fevereiro de 1961.
No monumento destacavam-se também placas, em bronze, com o nome dos nacionalistas que participaram no ataque às cadeias coloniais, hoje inexistentes e incapazes de contar às novas gerações o que os filhos da pátria passaram para conquistar a independência nacional.
Outrora escolhido por recém-casados para registos fotográficos, o local apresenta ainda um cenário de paredes pintadas com nomes de “gangues” e dizeres ofensivos, bem como a cerca que circunda o espaço está quase toda vandalizada.
Em relação ao monumento, o soba adjunto do município do Cazenga, João Manuel, explicou que, no espaço onde hoje encontra-se erguido o Marco Histórico do 4 de Fevereiro, existia uma residência, onde os bravos angolanos reuniam-se clandestinamente.
Acrescentou que este terreno pertencia, na altura, aos Caminhos-de-Ferro de Luanda (CFL), que eram os únicos autorizados a construírem no local.
Para João Manuel, esta acção nacionalista, foi como que uma grande “tábua de salvação" para os angolanos naquela altura e, por este motivo, a sua recuperação é de grande importância para história colectiva de todos.
Considera que deve haver melhor conservação e gestão do espaço pela sua importância histórica para o país, porque as imagens actual não dignifica todos aqueles que lutaram pela sua libertação.
Na sua óptica, com a reabilitação do espaço e com gestores comprometidos, o Marcos Histórico pode contribuir para a arrecadação de receitas, cobrando um preço simbólico a todos aqueles curiosos, e não só, em conhecer a história daqueles que lutaram no 4 de Fevereiro.
Relatos dos moradores dos arredores da zona do Marco Histórico do 4 de Fevereiro salientam que, desde a vandalização da cerca de vedação e sem forças de segurança, nos últimos tempos várias são as acções delituosas que diariamente são cometidas ao seu redor, sobretudo no período nocturno.
Tal é o caso de Frederico Soloche, que disse ter sido já vítima de assalto quanto saia do serviço ao cair da noite.
O transeunte António da Silva relatou que os assaltos são frequentemente praticados por jovens e adolescentes.
“De noite os marginais invadem o local para uso de drogas, durante o dia, além dos marginais, também tornou-se um centro de recreação de crianças e adultos”, desabafou.
Os entrevistados mostraram a sua inquietação pelo facto de não se saber quem explora o restaurante e o espaço, nem arranjaram segurança para tomar conta do monumento. ACS/PLA/SC