Malanje - Alguns habitantes da província de Malanje defenderam, esta terça-feira, maior divulgação do 4 de Janeiro e que a data seja declarada feriado nacional, em memória das vítimas.
O país assinala a efeméride como uma data de celebração nacional, consagrando-a como "Dia dos Mártires da Repressão Colonial".
Em declarações à ANGOP, à propósito da data, os entrevistados foram unânimes em afirmar que não sendo feriado nacional desprestigia os heróis do 4 de Janeiro de 1961.
"Deram a vida para que Angola hoje se tornasse um país independente", afirmou Adelino Ngunza, um sobrevivente.
Para honrar as vítimas da repressão colonial, o ancião Manuel Nguge defendeu a construção de um memorial e um bairro piloto na localidade de Teka-dia-kinda.
"É uma promessa deixada pelo então Presidente da República, António Agostinho Neto", lembrou
Alberto Tomás, outro ancião.
Na ocasião, alertou à importância da construção de mais escolas, postos de saúde, estradas, bem como sistemas de energia eléctrica e água na localidade, que fica a 20 quilómetros de Quela, o município mais próximo.
Governo promete mais apoios
O director do Gabinete Provincial dos Antigos Combatente e Veteranos da Pátria, Ananias Gomes, afirmou que a população da Baixa de Cassanje não está esquecida.
"Esforços estão em curso para que haja um grande reconhecimento e dignificação daqueles que se bateram para a libertação do país", acrescentou.
Este a ano, o acto central do Dia dos Mártires da Repressão Colonial acontece no município do Quela, província de Malanje, sob o lema
“4 de Janeiro de 1961 a 4 de Janeiro de 2023-honremos os Bravos Combatentes da Luta Anti-Colonial”.
Sobre a efeméride
A 4 de Janeiro de 1961 colonos portugueses reprimiram cerca de 20 mil camponeses angolanos, naquilo que ficou conhecido como o Massacre da Baixa de Cassanje, território localizado entre as províncias de Malanje e da Lunda Norte.
Nesse dia, trabalhadores agrícolas das plantações de algodão da companhia luso-belga Cotonang, na Baixa de Cassanje, revoltaram-se contra o trabalho de escravo, destruindo plantações, pontes e casas.
A resposta das autoridades coloniais não tardou com o envio da Força Aérea Portuguesa, que bombardeou a região, com projécteis, tendo causado a morte de milhares de cidadãos.
Os acontecimentos da Baixa do Cassanje aumentaram a consciência de liberdade dos angolanos que, a 4 de Fevereiro do mesmo ano desencadearam uma luta armada contra o regime fascista português.
A referida armada culminou com a proclamação da independência do país, a 11 de Novembro de 1975.