Luanda - O Chefe de Estado angolano, João Lourenço, considerou, esta terça-feira, complexo o quadro actual das relações internacionais, tendo em conta os conflitos no Leste da República Democrática do Congo (RDC), no Sudão e em outras regiões do mundo.
Para João Lourenço, que discursava na abertura das conversações entre as delegações de Angola e Portugal, essas contendas encerram perigos que requerem de todos uma visão realista e pragmática sobre os caminhos a seguir para se pôr cobro às mesmas.
A perspectiva, avançou, sobre um mundo de paz, concórdia e entendimento entre as nações é o pilar sobre o qual deve assentar os esforços que conduzam à resolução dos grandes problemas existentes, para que, com uma acção convergente, se consiga vencer as guerras.
O Presidente da República afirmou que as guerras, o terrorrismo e o extremismo violento, as alterações climáticas e suas consequências, epidemias, a fome e a miséria e outros males constituem uma séria ameaça à sobrevivência do ser humano.
Ucrânia e Médio Oriente
Sobre a guerra na Ucrânia e o conflito no Médio Oriente, João Lourenço defendeu que prevaleça sempre o valor e a poderosa força do diálogo, na base das normas internacionais que regem a convivência entre os povos.
Apelou para o fim definitivo da guerra contra a Ucrânia, a ocupação e a anexação de partes do seu território, e que se encontrem os caminhos de construção de uma paz duradoura, na Europa.
Os ataques de sete de Outubro passado, disse, contra indefesos cidadãos israelitas, condenados pela comunidade internacional, não podem justificar a acção desproporcional e desumana contra a vida de elevado número de civis palestinos, na Faixa de Gaza e não só, na sua maioria velhos, doentes e crianças indefesas.
"Isto deve merecer a condenação e repulsa da comunidade internacional, em termos vigorosos e exigir a implementação das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas que apontam para a criação do Estado da Palestina numa solução de dois Estados soberanos vizinhos a viver lado a lado pacificamente", salientou.
Por seu lado, o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, em visita de trabalho a Angola, destacou o papel do Presidente João Lourenço na mediação de vários conflitos em África, sobretudo no Leste da RDC e no Sudão.
Referiu que, na cooperação internacional, a nível da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e das Nações Unidas, a posição de Angola e Portugal tem sido igual, tendo em conta o alcance da paz através do diálogo e com base nas resoluções da ONU.
Visita
O primeiro-ministro português, Luís Montenegro, iniciou esta terça-feira uma visita oficial de três dias a Angola, com vista ao reforço da cooperação bilateral.
No cumprimento da sua agenda, o primeiro-ministro luso participa, quarta-feira, num fórum de negócios Angola-Portugal no âmbito da Feira Internacional de Luanda (FILDA).
Vai também deslocar-se a Benguela para conhecer, no local, o projecto do Corredor do Lobito, entre outras actividades constantes do programa da visita, que termina quinta-feira.
Luís Montenegro começou o seu programa com a deposição de uma coroa de flores no Memorial Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola, antes de manter um encontro privado com o Presidente João Lourenço. VIC