Cuito - O Presidente da República, João Lourenço, augurou esta quinta-feira, no Cuito, província do Bié, o aumento da produção do arroz e do trigo, para a garantia da segurança alimentar no país.
O Chefe de Estado, que falava à imprensa, no final da jornada de trabalho de dois dias a esta região centro sul do país, referiu que a segurança alimentar deve passar, também, pelo aumento da produção destes dois tipos de grãos.
Avançou que o país tem importado quase que na totalidade todo grão ou a farinha de trigo, para as pastelarias, visando a produção do pão e de outros produtos.
Por isso, o Presidente da República disse ter gostado dos nível de produção de trigo no município do Chinguar, daí a razão de ter sido seleccionado para o início da colheita deste cereal.
No caso particular da fazenda Vinevala, tida como a maior produtora do cereal, João Lourenço disse ser necessário acarinhá-lo e encorajá-lo a continuar a ampliar as zonas de produção.
Sublinhou que Angola tem a tradição de produzir grãos, mas, sobretudo, milho e feijão, porém, por aquilo que se verificou na feira agropecuária do Cuito e na fazenda Vinevala, começa-se a produzir dois tipos de grão que, em relação aos quais, o país não tem grande tradição, no caso do trigo e do arroz.
"Nesta visita aqui no Bié, aprendemos uma grande lição, sobretudo, das famílias humildes do campo, que, com o seu trabalho, com a sua produção, estão a nos ensinar como combater a fome e a miséria", reconheceu.
Em relação aos fertilizantes, o Chefe de Estado disse estar, para breve, a entrada em funcionamento da fábrica do Soyo, província do Zaire, que vai cobrir, na totalidade, as necessidades do país, ou pelo menos, suprir uma parcela muito grande daquilo que se tem importado no presente.
Disse que o Executivo precisa fazer chegar a energia produzida no Baixo Cuanza ao Centro do país e nos municípios, sobretudo, por serem os produtores e transformadores daquilo que se produz no campo.
Lembrou ter sido uma das questões abordadas durante a reunião com o Governo da província do Bié, numa altura que acontece o projecto de expansão da energia barata produzida no Baixo Cuanza, para o Centro, o Sul e o Leste.
O Presidente da República destacou a inauguração, há dias, da barragem hidroeléctrica do Cunje, que está a servir os municípios de Camacupa e Catabola, na província do Bié.
Sublinhou que havendo maior oferta de energia e água, os pólos industriais terão o essencial para serem desenvolvidos.
João Lourenço assegurou a continuidade da manutenção das estradas, tanto asfaltadas, tanto de terra batida, para facilitar o escoamento dos produtos do campo.
PLANAGRÃO
Refira-se que, neste quesito, o Executivo tem gizado o Plano Nacional de Fomento para a Produção de Grãos, (PLANAGRÃO), visando a produção de trigo, arroz, soja e milho.
O plano é de âmbito nacional, com maior destaque para as províncias do Moxico, Lundas Norte e Sul, regiões com terras disponíveis e condições climáticas favoráveis para a produção desses cereais.
Para a materialização do PLANAGRÃO serão mobilizados fundos públicos e privados, dos quais, o Estado vai investir durante 5 anos o valor de 1.178 mil milhões de Kwanzas em infraestruturas, que incluem a demarcação de dois milhões de hectares, loteamento e vias de acesso para as zonas de produção.
Adicionalmente, serão aplicados 1.674 mil milhões de Kwanzas na capitalização do Banco de Desenvolvimento de Angola, BDA, e do Fundo Activo de Capital de Risco Angolano, FACRA, para o financiamento do sector privado nacional, que tenha condições de produção, logistica e transformação dos grãos, e de garantir toda cadeia de valor
A banca comercial poderá também mobilizar fundos, através do Aviso 10 do Banco Nacional de Angola, que garante acesso ao crédito com taxas de juros mais atrativas para os promotores de projectos produtivos.
O PLANAGRÃO tem por objectivos gerais "garantir a segurança alimentar do país, gerar rendimento e promover a competitividade" para a médio prazo, transformar Angola no maior produtor de grãos da região Austral de Africa.
Com este plano o Governo persegue vários objectivos específicos, dos quais se destaca: estimular a produção de cereais;
aumentar o número de empresários agrícolas e o emprego; atrair jovens qualificados para a actividade; atrair o investimento directo estrangeiro de grandes empresas internacionais, que possam trazer know how e tecnologia para Angola; e promover o desenvolvimento interno das cadeias de valor, proporcionando assim o crescimento economico inclusivo; sublinhou o Secretário de Estado
O Chefe de Estado conclui esta tarde a jornada de trabalho de dois dias a província do Bié.ALH/PLB/ART